LAÍRE ROSADO: De juventude e de Nouvelle Vague

 

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Um dos meus filhos costuma dizer que teria preferido a experiência de tempos passados do que aproveitar os momentos da juventude nos tempos atuais. Segundo ele, sua geração não tem como sentir as vibrações da juventude dos anos 60. Pode ser que ele tenha razão, mas tudo tem seu tempo certo para acontecer.

Lembro movimentos que marcaram a minha geração, como a bossa nova, a nouvelle vague, os Beatles, a participação dos estudantes no movimento político por meio d representações, como a União Nacional dos Estudantes, UNE, os Diretórios Estaduais e Municipais de Estudantes. Quando ainda inexistiam as redes sociais, estudantes do mundo inteiro acompanhavam a atuação do alemão Daniel Cohn Bendit, estudando na França, que se transformou no ídolo de muitos.

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Não sou crítico de cinema (coluna que existia em todos os grandes jornais), nem conhecedor profundo do que ficou conhecido como a sétima arte, o cinema. A origem do nome vem do teórico italiano, crítico de cinema Ricciotto Canudo que, em 1923, publicou um documento “O Manifesto das Sete Artes”. Sua pretensão era integrar o cinema à categoria das belas artes: música, pintura, escultura, arquitetura, poesia e dança.

Participei das primeiras reuniões com o grupo que criou, ou recriou, o Cine Clube Tirol, em Natal, que teve como sua expressão máxima em Moacyr Cirne. Natal ficou pequeno para Moacyr que, ganhando dimensão nacional, teve que se transferir para o Rio de Janeiro. No grupo, e a essa época, era obrigatória a leitura do “Cahiers du Cinéma” para se ficar atualizado com as transformações do cinema, sobretudo na França. “O Encouraçado Potenkim”, de Sérgio Eisenstein, era considerada a obra máxima, inigualável, do cinema.

Essas memórias ressurgiram com a notícia do falecimento de Agnes Varda, precursora da Nouvelle Vague (Nova Onda) e única mulher a participar do movimento e que filmou mais de 50 títulos. A nouvelle Vague Francesa é considerado um dos mais importantes movimentos da história do cinema.

Em Natal, os filmes nouvelle vague eram projetados no Cine Nordeste, com a vantagem de ser a primeira sala de projeção com ar refrigerado. Alguns ainda são revisitados pela internet, como: Hiroshima Meu Amor, Cléo das 5 às 7 As Duas Faces da Felicidade, Nas garras do vício, Acossado, Os Incompreendidos, Zazie no Metrô, Paris Nos Pertence, Jules e Jim, Os Incompreendidos.

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Em outra oportunidade, quem sabe, voltarei a falar sobre os filmes de Alain Resnais, Jean Luc Goddard, François Truffaut e outros que trouxeram alegria e arte aos cinéfilos de todas as épocas.