LAÍRE ROSADO: A CPI DO PRESIDENTE

Após conversas com o presidente e o líder do governo na Câmara dos Deputados, Arthur Lira PP-AL) e Ricardo Barros (PP-PR), respectivamente, o presidente Jair Bolsonaro definiu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, para investigar a Petrobras. Os três acreditam que poderão desacelerar os frequentes reajustes dos combustíveis no país.

O risco para o presidente é muito grande, mas o presidente Bolsonaro está disposto a assumir essa posição inusitada. Pela primeira vez na história, um presidente da República pede para que um órgão onde possui a maioria dos dirigentes, todos nomeados por sua administração e onde o governo tem o domínio das ações com direito a voto, pede para ser investigado.

É possível que o presidente Bolsonaro não tenha conversado com os dirigentes que indicou sobre preços e critérios de paridade internacional. Nem que seus afilhados não cumprissem o que está no regulamento da empresa. Até porque os conselheiros podem ser condenados se agirem dessa forma. Seria estranho que adotassem medidas que resultassem em prejuízo para a empresa que estão trabalhando, pois estariam proibidos de defender medidas que dessem lucro à Petrobras.

O fato é que a decisão deixou em polvorosa a base aliada, leia-se Centrão, que está assustada com a possibilidade de uma CPI, às vésperas de uma eleição, possa ter o efeito contrário ao desejado por Bolsonaro. Seria melhor discutir, a curto prazo, propostas alternativas que estabilizem os preços da gasolina e do diesel, como a instituição temporária de um auxílio para motoristas e caminhoneiros, ou a criação de uma Conta de Estabilização de Preços, como proposto, no Senado, pelo senador Jean Paul Prates.

Hoje ainda, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) vai reunir os líderes partidários para analisar proposta de taxação dos lucros da Petrobras e mudanças na política de preços praticada pela estatal. Quer discutir alternativas à política de preços a Petrobras, hoje indexada ao dólar.

Depois disso, quem sabe, tentará convencer o presidente Jair Bolsonaro da ideia de uma CPI, uma bomba que explodindo, poderá atingir a todos, indistintamente.

Laíre Rosado é médico e ex-parlamentar

 

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