Laíre Rosado
José de Abreu, presidente autoproclamado do Brasil
Tudo começou como uma brincadeira. O ator José de Abreu se autoproclamou presidente da República, no dia 26 de fevereiro deste ano. O gesto foi mais um protesto contra a decisão de vários países, inclusive o Brasil, de reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela, que uma provocação ao presidente Jair Bolsonaro.
“Acabei de me proclamar presidente do Brasil. Quem me apoia?”, iniciou o protesto em um tweet que já recebeu mais de 15 mil curtidas. “Vamos exigir respeito à minha autodeclarada Presidência como estão dando para o venezuelano. Por que ele tem e eu não?”, ironizou.
A gaiatice-protesto continuou e passou a incomodar os dirigentes nacionais. Asessores do presidente Bolsonaro estão verificando como processar o ator. Como parte da encenação, Abreu, que estava no exterior, Grécia, anunciou sua chegada para ontem, 8 de março, marcando sua “posse” no aeroporto do Galeão. Antes, falou em impetrar habeas corpus preventivo, como se estivesse ameaçado de prisão.
Prometeu anunciar o nomes dos futuros ministros, “Já temos Lula, Dilma, Amorim, Freixo, Boulos, Manuela, Maria do Rosário e Suplicy. Faltam alguns ministros. Como presidente alternativo, aceito alternativas”.
O aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, lotou o saguão do terminal de fãs e apoiadores do artista. A brincadeira começou como protesto contra o real chefe do executivo brasileiro, Jair Bolsonaro. O ator fez um discurso, com a Constituição Federal em mãos. O povo colocou Zé de Abreu nos ombros, aos gritos de “Presidente! Presidente!”.
A reação do presidente Jair Bolsonaro foi imediata, mas, talvez, precipitada. Disse que vai processar José de Abreu, apoiador histórico do PT e crítico do atual governo. Abreu escreveu no Twitter: “Alo, @jairbolsonaro, seu meteoro chegou! Sou eu, seu fascista!”. Minutos depois, Bolsonaro respondeu ao ator: “Estamos processando alguns e este ‘meteoro’ será o próximo!”.
O que o presidente Bolsonaro precisa, além da tarefa maior de governar o Brasil, é desarmar o espírito, deixando as reações rompantes a toda e qualquer crítica que lhe seja feita. De outro modo, uma gaiatice como a do ator José de Abreu, poderá assumir proporções maiores do que a pretendida pelo autor.