Lágrimas que não convencem – Wilson Bezerra de Moura

Bandidagem, ladroagem, roubalheira e corrupção, tudo isso existiu no passado da política brasileira. A sua gravidade é medida numa época de maior êxtase da história. Recordo-me quando pela década de 80 ou 90 salvo engano, foi descoberta uma ladroagem que recebeu a denominação OS ANÕES DO ORÇAMENTO. Foi uma bomba sem fim, uma verba orçamentária que dominou o orçamento da união em favor de inúmeros parlamentares. O maior beneficiado nessa jogada foi o deputado baiano João Alves, que se defendeu no escudo de que foi sorteado por inúmeras vezes na Loteria Federal, como se o povo brasileiro, além de burro, fosse doido.

Um deputado, que não me recordo o nome no momento, era o autor intelectual da roubalheira no Orçamento dos Anões. Quando estourou o escândalo foi para a tribuna da Câmara, enrolou-se com a bandeira nacional, chorando em desespero, levantando louvores ao País, que não merecia esse destino, não merecia passar por tão vexatória situação. Foram tantas as lágrimas dramáticas, que era preciso um bom ator para encenar a dramatização. No final das contas o principal responsável pelo escândalo era o próprio deputado patético e chorão. Não se sabe o destino final, sabemos que o Secretário Geral do Orçamento na Câmara foi quem pegou cadeia até largar o choco.

Permitimo-nos dizer que no momento atual desses desmandos da Lava-jato, no caso específico do ladrão Geddel Viera, o quadro foi mais alarmante. Os malotes soterrados de dinheiro roubado do povo não davam para simular sorteio na loteria federal, era mesmo um roubo direto. As lágrimas derramadas pelo autor do assalto não convenceram o público que assistiu o descaramento como ele prestou depoimentos frente à justiça federal.

A encenação dos demais canalhas depoentes na Lava Jato foi mais ponderada, menos dramática. Prestaram depoimento sem choro nem lágrimas, só deixando transparecer no semblante de cada um o descaramento e cinismo com que enfrentava o povo roubado  em seus parcos recursos financeiros.

Deplorável que com esse povo que está aí como representante da nação tudo é possível acontecer, como forma de descaracterizar a força do direito em favor da libertinagem.