Jornalistas são agredidos em ato estimulado por Bolsonaro

A manifestação, que contou com a presença de Bolsonaro e sua filha de nove anos, Laura, ocorreu no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e resultou em pancadaria, quando membros da mídia foram atacados por manifestantes. O fotógrafo Dida Sampaio do Estadão, e o motorista de sua equipe, Marcos Pereira, foram os primeiros a sofrer violência, que depois se estendeu ao repórter da Folha de S. Paulo Fabio Pupo, que tentou defender o par. O jornalista do Poder 360 Nivaldo Carboni também foi agredido fisicamente. Todos foram retirados do local por uma escolta policial e passam bem.

Líderes democráticos rapidamente repudiaram os ataques, assim como o discurso bélico e absolutista do presidente da República.

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, André Figueiredo afirmou:

“É inadmissível a agressão por parte de militantes bolsonaristas à equipe do Estadão, principalmente no Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. É a violência e a intolerância que vão ganhando força, cria de um presidente que ataca a democracia e se pauta pelo ódio e o autoritarismo”.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil  (OAB), Felipe Santa Cruz também se pronunciou:

“Os limites que existem são os da Constituição, e valem para todos, inclusive e sobretudo para o presidente. A única paciência que chegou ao fim, legitimamente e com razão, é a paciência da sociedade com um governante que negligencia suas obrigações, incita o caos e a desordem, em meio a uma crise sanitária e econômica”.

Em nota à imprensa, a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, deixou claro seu repúdio aos acontecimentos:

“É inaceitável, é inexplicável que, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel da imprensa é que permite a nós sermos livres, e que garante a liberdade de expressão, sem a aqual não há dignidade. não há dignidade sem liberdade. E não há liberdade sem sermos informados sobre o que acontece. Esse é um papel que a imprensa cumpre superiormente, por ser seu dever e por garantir a liberdade de cada um de nós”.

Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados foi mais um que se posicionou contra as ações de Bolsonaro e seus apoiadores:

“Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror. Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos. No Brasil, infelizmente, lutamos contra o coronavírus e o vírus do extremismo, cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade. O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão”.

O presidente ainda não se manifestou sobre as agressões cometidas por seus seguidores.

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