Jornal O Mossoroense 145 anos de serviços à comunidade – Wilson Bezerra de Moura

O pensamento sempre foi marca registrada de todos os acontecimentos emergidos da humanidade através de suas ações. Com o pensamento adveio a ideia e esta posta em prática tornou-se realidade, dimensionando feitos importantes para a sociedade. Foi assim desde os primórdios dos tempos, quando aconteceram as grandes navegações que resultaram na descoberta e expansão de novas ideias.

As ideias germinam do pensamento em diferentes situações.

Em pleno sertão nordestino, na cidade de Mossoró, tal pensamento brotou, influenciou Jeremias da Rocha Nogueira, mossoroense da gema, jornalista e advogado provisionado, defensor ardente dos princípios democráticos e dos direitos e garantias individuais, a contribuir com sua terra com a prática da imprensa moldada dentro de tais princípios. Veio-lhe a ideia de criar um jornal que viesse a divulgar os fatos de sua urbe, numa demonstração inequívoca de um trabalho digno e respeitável, onde a prática do jornalismo fosse séria e respeitosa, livre e democrática, sem compromisso com organizações político-partidárias. E assim, no dia 17 de outubro de 1872, o jornal O Mossoroense surgiu e dai por diante caminha num trajeto de 145 anos cumprindo fielmente sua finalidade dentro dos parâmetros estabelecidos na legislação especifica.

Os partidos políticos na época, Liberal e Conservador, qualquer um encontrava forte defensor, desde que fosse numa justa causa em defesa da sociedade e da democracia. Era imparcial no exercício da atividade jornalística.

O jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, patrono genealógico da família Escóssia, deixou como legado patrimonial o jornal O Mossoroense, moldado no caráter de bem servir à sociedade através de um jornalismo fiel aos princípios morais, levando à sociedade um trabalho informativo dentro dos ajustes da legislação inteiramente devotada à boa ordem, e os seus sucessores, a começar por João da Escóssia Nogueira, Lauro da Escóssia, daí aos demais legatários a missão de enfrentar as dificuldades para mantê-lo, vez que, em todos os tempos da história, a imprensa foi nutrida com recursos próprios, sem que incumbisse qualquer ajuda financeira de poder público para sustentá-lo.

O Jornal O Mossoroense atingiu a escala centenária, vencendo os desafios que se lhe apresentaram, de forma a merecer o reconhecimento dos patrícios pelo dedicado esforço em manter acesa a chama do patrimônio deixado por seu arquiteto, Jeremias da Rocha Nogueira, que sempre, quando em vida, o conduziu agindo com imparcialidade profissional, cuja herança deixou a seus descendentes.

Em decorrência das dificuldades inerentes a cada época da história, o jornal passou por várias fases. A primeira dela com o próprio Jeremias da Rocha, a segunda já na gestão de João da Escóssia, numa terceira fase de suspensão de atividades por algum tempo de crise, com Lauro da Escóssia, e numa quarta fase com o doutor Laíre Rosado Filho, que o mantem até os dias atuais, quando completa 145 anos de existência.

O fruto de uma árvore se expande por toda terra quando plantada com o melhor intuito e esperança num futuro de que esta, ao resplandecer seus frutos, contribua para engrandecimento de todos.

Os grandes feitos marcaram a história e, sem dúvida, estimularam a nova geração se não a criar novos desafios, pelo menos manter os auferidos. No caso dos mossoroenses, este tem sido o desafio: manter o legado de Jeremias da Rocha Nogueira.