Instituição Liga Operária de Mossoró completa 100 anos neste sábado (21)

Criada em 10 de abril de 1921, há exatos cem anos, a Liga Operária de Mossoró ainda respira. Ares menos revolucionários, mas não menos importantes hoje compõem a gene da instituição criada pelos irmãos Reginaldo: Raimundo Reginaldo, Lauro Reginaldo (o Bangu) e Jonas Reginaldo.

Primeira instituição de caráter associativista, mutualista e beneficente do Estado, juntamente com a União de Artista (1919), a Liga teve como propósito inicial defender os direitos dos trabalhadores em salinas e amparar os seus familiares. Intimidado pela classe patronal da época, seus associados reuniam-se em meio à caatinga, o que rendeu à instituição, na época, o apelido de “Sindicato do Garrancho” e também foi responsável pela criação do Partido Comunista no Rio Grande do Norte.

O ex-sindicalista Luiz Alves, “o Velho”, no prefácio do livro “História da Liga Operária”, de David de Medeiros Leite, José Edilson Segundo e Olivá Leite da Silva Junior, lançado em 2018 diz que: “Enquanto centro orgânico do incipiente movimento, a Liga, contrariando a tradição histórica, não foi constituída como mera instância da luta beneficente, burocrática ou apolítica do operariado. Pelo contrário, ela já representava um salto de qualidade gigantesco na articulação da defesa dos objetivos da população local, incorporando a seu projeto de ação estratégica tanto o campo da institucionalidade quanto o da atividade clandestina – mesclados que estavam pelos interesses irreconciliáveis de classe”.

Ainda segundo o “Velho”, pela relevância da Liga, por volta de 1929 a instituição passou por um “golpe branco” e perdeu muito da sua significação original: “Como era de se esperar, através desse golpe branco os serviçais de Saboinha [Vicente de Saboia] dominaram a Liga e destituíram as forças de esquerda, transformando a instituição operária em um aparelho politicamente inerme, burocrático e reacionário”.

Geraldo Melo e Lavoisier Maia prestigiam evento da Liga Operária.

Após este período, há um grande hiato na história oficial da Liga e ele retorna às suas atividades em meados dos anos 60. Dada a sua importância, recebia em suas solenidades figuras importantes do Estado, como os ex-governadores Geraldo Melo e Lavoisier Maia (foto).

Atualmente a Liga Operária de Mossoró é conduzida pelo professor aposentado e ex-vereador Gilberto Diógenes e tem atuado no apoio logístico à instituições do terceiro setor e organizações culturais, tendo inclusive aprovado projetos na Lei de Incentivo à Cultura do Estado (a Lei Câmara Cascudo).

Gilberto Diógenes é o atual presidente da Liga.

“É uma honra e uma grande responsabilidade manter viva a história da Liga Operária de Mossoró, uma agremiação tão significativa e que teve nomes tão relevantes à sua frente. Lógico, as lutas de hoje são be

m diferentes das vividas naquela época, mas também não são fáceis, esperamos um dia devolver a Liga ao seu lugar de destaque na cultura e na história de Mossoró”, destaca Gilberto.

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