Ibaneis Rocha: “Ministro Mandetta já foi tarde”

Governador do Distrito Federal, que diz não considerar Bolsonaro um aliado, inicia reabertura do comércio após 40 dias de quarentena. Ele elogia novo ministro, e critica socorro econômico do Executivo

El País

O Distrito Federal tem o sétimo maior coeficiente de incidência do novo coronavírus no Brasil. São 289 casos para cada 1 milhão de habitantes, um índice considerado alto, mas ainda quase a metade do Amazonas, que lidera o ranking no paísEm Brasília e suas regiões administrativas moram 2,5 milhões de pessoas, e até esta terça-feira havia a confirmação de 881 pessoas infectadas e 24 mortes, o que coloca sua taxa de letalidade em 2,7% (ante 6,4% do índice nacional). Na avaliação do Ministério da Saúde, o DF está entre as sete unidades da federação próximas a entrar em uma fase descontrolada de contaminação. Ainda assim, o governador Ibaneis Rocha (MDB) demonstra tranquilidade para ampliar o afrouxamento do isolamento social que ele impôs por decreto desde a segunda semana de março. Segundo ele, a adoção rápida do confinamento deu tempo para o sistema de saúde local se preparar para a fase de pico, prevista para o fim de abril. “Não tenho dúvida nenhuma que surtiu efeito. Chegamos a ter dias com 80% de isolamento social. Isso ajudou muito para não estarmos em uma situação incontrolável hoje”, afirmou ao EL PAÍS. Foi o primeiro governador do país a adotar a postura indicada por autoridades sanitárias, mas repudiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que demitiu seu ministro da Saúde na semana passada exatamente por essas divergências.

Dizendo gostar do presidente, mas não o considerar um aliado, Ibaneis é um dos que concordaram com a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, no último dia 16 ―“Acho que já foi tarde”―, e aprovou a indicação de Nelson Teich. Também foi um dos poucos que não assinou as recentes cartas dos governadores com críticas ao presidente —a mais recente, assinada por 20 governadores, manifestou apoio aos líderes da Câmara e do Senado e repúdio aos protestos com viés antidemocráticos realizados no domingo, com a presença do presidente. Com quase tudo fechado desde 12 de março, nas últimas duas semanas, Ibaneis autorizou a abertura de feiras livres, lojas de móveis e eletroeletrônicos, além de óticas. Até 4 de maio, deve abrir o restante do comércio. E, no começo de junho, autorizará o retorno das aulas nas redes públicas e privadas. Diz não sofrer pressões para fazê-lo antecipadamente.

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