Geraldo Maia – Pavilhão Vitória

Geraldo Maia do Nascimento – [email protected]

O padre Luís Ferreira da Cunha Mota foi o prefeito que mais tempo passou na administração do Município de Mossoró. Assumiu a Prefeitura em caráter interino, em substituição ao Dr. Duarte Filho, no dia 18 de janeiro de 1936, afastando-se em outubro para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa na vaga deixada por renúncia do deputado José Varela. Reassumiu a Prefeitura a 23 de dezembro do mesmo ano.

Em 1937 candidatou-se e saiu vitorioso no pleito eleitoral de 16 de março, tomando posse a 7 de setembro do mesmo ano. Depois do golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que implantou o Estado Novo, que dissolveu o Congresso, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, foi confirmado no cargo por nomeação do Interventor Rafael Fernandes em decreto de 16, assumindo a 30 de dezembro. Governou até 3 de abril de 1945, quando solicitou e obteve exoneração.

Dentre as obras deixadas pelo padre, uma que perdurou por muito tempo foi o chamado Pavilhão Vitória. Foi construído em 1945, na Praça Rodolfo Fernandes, e teve esse nome em homenagem à vitória das nações aliadas sobre a Alemanha de Hitler. Era um majestoso pavilhão de cimento armado que a tenacidade comercial do Sr. Severino Rodrigues procurou arrendar afim de tornar efetiva a ideia de transforma-lo num ambiente elegante para as reuniões sociais e mundanas da cidade.

Tinha sobre o teto um simbólico V, de concreto, com mais ou menos um metro de altura. Destinava-se a servir como bar, sorveteria e café. Outros arrendatários foram Antônio Jerônimo de Queiroz (mais conhecido por Seutônio), Jeremias Gurgel e Francisco Leonardo Nogueira (Chico Leonardo), dentre outros. Possuía serviços de bebidas geladas, café, doces, lanches, possuindo ainda seções de confeitaria e charutaria.

Foi por vários anos um agradável ponto de encontro de amigos para os bate-papos sobre qualquer assunto: política, futebol, simples fofocas ou até sobre as novatas chegadas ao Art Nouveau. Muitos dos frequentadores do Cine Pax, que ficava na mesma praça, saíam direto do cinema para o Pavilhão Vitória para a sua merenda de final de noite, ou apenas para um dedo de prosa com os amigos.

Ao seu redor, pela manhã e à tarde, ficavam os engraxates: Chico Doidinho, Martelo, os irmãos pretos Antônio e Geraldo Benedito, inclusive Damião. Damião Eloi de Lima, que depois ingressaria no Banco do Brasil, como contínuo, conforme nos informa Francisco Obery Rodrigues em seu “Mossoró: outras lembranças e um pouco de história”.

Não sei em que administração foi demolido o Pavilhão Vitória. Sei que deixou boas e agradáveis lembranças em todos os que frequentavam aquele espaço. Hoje ficamos a questionar: Por que demoliram um espaço que era tão democrático e agradável para não construir nada de útil no lugar? Por que não temos respeito e continuamos destruindo patrimônios culturais da cidade?

Entendemos como Patrimônio Histórico bens materiais, natural ou imóvel, que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Como foram construídos pelas sociedades passadas, representam importantes fontes de pesquisa e preservação cultural. No mundo todo há uma preocupação em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais. Mas Mossoró está na contramão da história. Poucos são os casarões que ainda existem e esses mesmos estão condenados a demolição, independente da história que guarda em suas paredes.

O Pavilhão Vitória, construído pelo Padre Mota, era um daqueles monumentos que não deveria ter sido demolido. Apesar do nome que ostentava, terminou perdendo a guerra para a modernidade.

Para conhecer mais sobre a História de Mossoró visite o blog: www.blogdogemaia.com.