G7 amplia sanções contra Rússia visando ouro, petróleo e equipamentos militares

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participa nesta segunda-feira (27) à distância da cúpula de líderes do G7, iniciada na noite de domingo no sul da Alemanha. Zelensky deverá pedir mais armas para combater o Exército russo. Os dirigentes do grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido decidiram endurecer as sanções contra Moscou e discutem meios de atenuar a crise energética e alimentar decorrente da guerra na Ucrânia.

Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Os líderes do G7 se esforçam para enviar um forte sinal de unidade a Vladimir Putin. Logo no início do encontro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as nações do G7 vão banir as importações de ouro da Rússia. Um anúncio formal sobre a medida deve ser divulgado nesta terça-feira (28), no final da cúpula, que acontece no castelo de Elmau, nos Alpes Bávaros.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que sancionar o ouro russo vai “atingir diretamente oligarcas e atacará o coração da máquina de guerra de Putin”. Não só Estados Unidos e Reino Unido anunciaram apoio à proposta, como também Canadá e Japão.

O ouro é a segunda maior fonte de renda em exportações da Rússia, depois de combustíveis fósseis. O país é o terceiro maior produtor mundial de ouro e faturou quase US$ 15,5 bilhões no ano passado com a mercadoria.

O G7 também discute a adoção de um mecanismo para limitar o preço do petróleo russo em nível global, um projeto que exigirá estreita coordenação entre os países e o setor privado, segundo fontes americanas. Washington ainda propõe o aumento de taxas alfandegárias de produtos russos, para reverter em fundos à Ucrânia. Novas sanções para restringir o acesso de Moscou a equipamentos militares também estão sobre a mesa de negociações.

Ameaça chinesa

A China também esteve na agenda desde o primeiro dia de negociações. O G7, que se considera um contrapeso democrático à potência autocrata chinesa, lançou um plano de investimentos em infraestrutura de US$ 600 bilhões para países em desenvolvimento. A iniciativa é uma resposta direta ao avanço da influência global de Pequim.

Batizado de “Parceria para Infraestrutura e Investimento Global”, o plano tem como meta elevar o desenvolvimento em países de baixa e média renda, fortalecer a economia do planeta e as cadeias de distribuição. O pacote prevê investimentos nos próximos cinco anos em áreas como a proteção climática, no setor de energia, de saúde e na infraestrutura digital.

Esse plano do G7 em países em desenvolvimento é uma reação à iniciativa conhecida como Nova Rota da Seda, lançada por Pequim em 2013. O projeto resultou em investimentos em mais de 70 países, sobretudo em nações pobres da Ásia e África. Vários desses países estão em tradicionais áreas de influência dos Estados Unidos e da União Europeia.

Críticos veem essa iniciativa chinesa como uma tentativa de Pequim de assegurar rotas comerciais e o acesso a matérias-primas por meio de empréstimos que agravarão os problemas de endividamento dos países mais vulneráveis.

Apoio à Ucrânia

No segundo dia, o encontro continua girando em torno da guerra na Ucrânia, incluindo a participação por videoconferência do presidente Volodymyr Zelensky. O líder ucraniano voltou a pedir maior ajuda militar do Ocidente depois que mísseis atingiram neste domingo a capital do país, Kiev.

Estão previstos também encontros com os líderes dos países convidados, que são este ano Indonésia, África do Sul, Índia, Senegal e Argentina, São democracias que até agora não estão na mesma linha que os países do G7 na questão das sanções a Moscou, mas que são economias importantes. A esperança é que esses países possam ser convencidos a colaborar com as sanções ocidentais.

Outro problema que deve ser tema na cúpula do G7 nesta segunda-feira é a crise alimentar em países menos favorecidos. A invasão russa na Ucrânia bloqueou as exportações de cereais, causando fome em países dependentes do trigo e grãos ucranianos. São esperados anúncios de novos pacotes de ajuda concreta das sete nações mais ricas.

Protestos

Os protestos anticapitalistas frequentes nos encontros do G7 estão mais brandos do que os registrados nas últimas cúpulas. No fim de semana, milhares de pessoas fizeram manifestações em Garmisch-Partenkirchen – um resort alpino próximo ao local do encontro – e em Munique. No entanto, a participação foi menor do que há sete anos, quando a Alemanha sediou a última cúpula do G7. Em Munique, por exemplo, os protestos reuniram entre 4 mil e 6 mil pessoas, muito abaixo das 20 mil esperadas.

Nesta segunda-feira estão previstos novos protestos nas proximidades do castelo de Elmau. A segurança segue reforçada no local, com um total de 18 mil policiais que foram deslocados para a região.

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