Francinaldo Rafael – O que temos de Pedro em nós?

Dentre as características da personalidade de Pedro, um dos doze apóstolos de Jesus, pode-se perceber através dos registros bíblicos que era impulsivo, exagerado em algumas ocasiões, mudava de um extremo ao outro em minutos, sob pressão fraquejava.

Diante do ato de Jesus lavar os pés dos discípulos, Pedro foi fortemente contra e reprovou tal prática. Dizia que os companheiros estavam sendo ingratos e duros, deixando o Mestre em posição de um escravo comum. Como resposta, ouviu dÊle:  “- Simão, não queiras ser melhor que os teus irmãos de apostolado, em nenhuma circunstância da vida”. Pedro aquietou-se um pouco.

À mesa, Jesus informou-lhes que aproximava-se a grave hora e quis deixar-lhes um novo mandamento: o de amarem-se uns aos outros como Ele os amava. Recomendou-lhes para que fossem conhecidos também pela humildade, pela disposição no sacrifício próprio. Pedro inquieto queria saber para onde o Mestre iria, obtendo como resposta: “Ainda não te encontras preparado para seguir-me. O testemunho é de sacrifício e de extrema abnegação (…)”.

Pedro desejando provar aos outros companheiros a importância da dedicação dele, perguntou a  Jesus se estava duvidando da sua coragem. Sereno, o Mestre ponderou que a inquietação do apóstolo se fazia cobradora de novos ensinamentos. E afirmou que naquela noite seria três vezes negado por ele. “Vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso”, concluiu.

Narra o Espírito Humberto de Campos através da psicografia do médium espírita Chico Xavier que ouvindo o cantar dos galos após a terceira negativa, o velho pescador recordou as palavras do Mestre e sentiu-se perturbado por enorme angústia. Voltando-se instintivamente para a cela onde o Mestre estava prisioneiro, viu o semblante sereno de Jesus a contemplá-lo através das grades. Acorrentado pelo remorso e envergonhado, aquele homem ríspido retirou-se chorando amargamente.

Há quem se admire dessas atitudes terem vindo justamente de alguém que estava ao lado do Messias o tempo todo.

E o que temos de Pedro em nós? Mesmo passados dois mil anos, conhecedores dos sábios ensinamentos de Jesus, ainda repetimos atitudes daquele apóstolo. Impulsividades, exageros, comportamentos extremistas e fracassos. Isso mostra a nossa condição ainda de Espíritos imperfeitos e o quanto necessitamos de burilamento, fazendo acender a nossa luz interior. O Evangelho de Jesus é o roteiro seguro que dá rumo a nossa marcha evolutiva. Exercitando diuturnamente a tolerância, a indulgencia para com o outro, lembremos as advertências do Mestre: – “(…) o homem do mundo é mais frágil do que perverso”.