Francinaldo Rafael – Esquecimento do passado

Não é raro pessoas nos questionarem, interessadas em saber quem teriam sido ou o que fizeram em reencarnações anteriores. Algumas alegam que se soubessem certamente teriam a chance de não repetir erros.

Resposta clara e concisa sobre esse fato é trazida pelos Benfeitores Espirituais. É vantagem esse véu que a divindade lança sobre nosso passado. As lembranças trariam gravíssimos inconvenientes. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo afirmam: “Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais”.

Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de corrigir atitudes equivocadas. Se lembrasse do passado, talvez o  ódio fosse despertado outra vez no íntimo. De todo modo,  se sentiria humilhado em presença daquelas a quem ofendera.

Para nos melhorarmos Deus concedeu o que necessitamos: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.

Ao nascer, o homem traz consigo o que adquiriu. Em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes. “Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações”, afirmam os Espíritos.

Vale ressaltar que o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Voltando à vida espiritual, o Espírito readquire as lembranças do passado.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do ontem. “Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar. ”

Como podemos perceber, teríamos várias dificuldades ou constrangimentos se tudo nos fosse permitido lembrar. Aceitemos o passado como passado, sem negá-lo ou descartá-lo, mas aproveitando o presente para os ajustes necessários.