Francinaldo Rafael – Desafios do Homo Tecnologicus

O Homo sapiens (do latim homem sábio) vive atualmente envolvido por tecnologias. Conforme o professor e sociólogo Yves Gingras, da Universade de Quebec, tornou-se um Homo tecnologicus. Sem duvida, o avanço tecnológico tem beneficiado a humanidade ao longo do tempo, porém, se faz necessário uma reflexão sobre a dependência exagerada para a qual muitos tem sido arrastados.

Hoje um problema que afeta pessoas mundo afora é chamado de Nomofobia, abreviatura de “no-mobile phobia” (medo de ficar sem telefone móvel). É um aumento na ansiedade que algumas pessoas sentem ao estar desconectadas, sem bateria, ou afastadas dos seus celulares. Chegou ao ponto de ser incorporado ao DSM-5 ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais e levou a um programa de tratamento dedicado à Nomophobia no Centro de Recuperação Morningside em Newport Beach, Califórnia.

O PhD americano Larry Rosen, reconhecido como perito internacional em Psicologia daTecnologia, tem examinado as reações de mais de 80 mil pessoas nos EUA e outros paísese diz: “Estamos condicionados a prestar atenção às notificações dos nossos telefones. Você vê as pessoas pegarem seus celulares e dois minutos depois fazerem a mesma coisa, mesmo que nada tenha ocorrido. Isso é impulsionado pela ação reflexa, bem como pela ansiedade para se certificar de que não ter perdido nada. É tudo parte da reação FOMO (FearOfMissing Out, ou medo de estar perdendo algo).”

Nesse quadro desafiante para o ser humano onde a tecnologia se faz presente,o psicólogo espírita Cláudio Sinotti comenta: “Devemos sempre ter em conta que nossa obrigação maior é com a consciência, com o nosso progresso espiritual, e em tudo o que participamos não podemos perder isso de vista. Claro que podemos (e devemos) ter momentos de lazer e descontração que, aliás, favorecem nossos esforços, mas isso não deve se transformar em algo que escravize a consciência e bombardeie os sentidos. Se nos obrigamos a ver todos os vídeos que nos enviam, a ler todas as mensagens, a responder tudo o que nos solicitam e a participar de todos os grupos, nos tornamos escravos da demanda do outro, e perdemos contato com o que os nossos sentidos interiores nos solicitam”. E complementa: “Utilizar-se da tecnologia, mas não escravizar-se a ela. Estipular limites em que a participação em grupos e a disponibilidade online seja tolerável e saudável”.

Por fim, para uma postura de reeducação de valores, o Espírito Joanna de Ângelis recomenda: “É de inadiável necessidade a análise íntima em torno das aspirações e de suas manifestações, de modo que se torne exequível a mudança dos hábitos doentios, dando lugar a outras formas de ver e de sentir. Pensar, portanto, corretamente, dentro dos padrões de equilíbrio, deve ser a maneira mais eficaz para lograr a paz, o bem-estar durante a trajetória física na Terra”.