ETA anuncia dissolução completa de suas estruturas

O grupo terrorista basco conhecido como ETA anunciou a sua dissolução completa em uma carta enviada a mediadores internacionais e agentes políticos. A carta, datada do dia 16 de abril deste ano, foi recebida pelas instituições e divulgada hoje (2). A organização, que em 2011 havia anunciado o fim de suas atividades armadas e ano passado havia entregado suas armas, agora declara o encerramento total do grupo.

Na carta que veio a público hoje, o grupo afirma que o País Basco “está agora enfrentando uma nova oportunidade para finalmente fechar o ciclo de conflito e construir seu futuro”. E defende ainda que “com toda a humildade”, o ETA gostaria de dar uma última opinião: “a solução do conflito e a construção do País Basco precisam de todos vocês, porque o futuro é responsabilidade de todos, e aqueles de nós que foram militantes do ETA, por nossa parte, querem confirmar nosso compromisso de embarcar plenamente nessa tarefa”.

Um outro anúncio “oficial” do encerramento das atividades do grupo terrorista é esperado para acontecer na próxima sexta-feira (4), na cidade de Cambo-Les-Baines, no País Basco francês. O ato deve ser acompanhado por mediadores estrangeiros que vêm acompanhando o processo de dissolução do grupo e contará com a presença de políticos e representantes de instituições, tanto bascas quanto internacionais.

A imprensa espanhola divulgou ainda uma terceira possibilidade de anúncio de dissolução, que poderá acontecer amanhã (3), através de um vídeo a ser divulgado pela britância BBC.

Histórico

Durante cinco décadas, o ETA lutou pela independência do País Basco, deixando mais de 850 mortos e milhares de feridos em dezenas de atentados. No último dia 21, o grupo divulgou um comunicado em que pedia perdão às vítimas e reconhecia os danos causados durante sua trajetória.

A sigla ETA vem de Euskadi Ta Askatasuna, em basco, e significa Pátria Basca e Liberdade. O grupo foi fundado em 1959 com objetivo de promover a cultura basca, tendo no final da década de 60 se transformado em uma organização paramilitar armada, que lutava pela independência do País Basco (Euskal Herria, em basco).

O governo espanhol já afirmou que não dará contrapartidas aos integrantes do grupo. O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, disse que o fim do ETA é apenas resultado da força do Estado.