Especialistas defendem manejo sustentável como alternativa ao desmatamento da Amazônia

Deputados, especialistas, consultores internacionais, representantes do governo, organizações não governamentais e habitantes da Amazônia defenderam, em audiência na Câmara nesta quinta-feira (10), o manejo sustentável da exploração madeireira e dos produtos da biodiversidade local para enfrentar o desmatamento ilegal, as queimadas e a uso predatório dos recursos naturais da maior floresta tropical do mundo.

O debate foi promovido pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, a pedido do deputado Airton Faleiro (PT-PA).

“Não venceremos a guerra do desmatamento, da ilegalidade, do crime ambiental apenas com discursos, apenas com manifestações contrárias à ilegalidade. Venceremos com uma proposta alternativa do uso sustentável dos produtos da biodiversidade da Amazônia”, disse.

Cerca de 80% da exploração de madeira no Brasil é feita de forma ilegal. Para evitar isso, é preciso fazer a extração de madeira de forma certificada, que permita que a floresta se recupere, segundo Aline Tristão Bernardes, diretora executiva da ONG Conselho de Manejo Florestal, conhecida como FSC, na sua sigla em inglês (Forest Stewardship Council).

A FSC é a principal certificadora mundial de produtos de origem florestal, explorados com planos de manejo de baixo impacto. Segundo Aline Bernardes, o Brasil tem experiência consolidada, há mais de 23 anos, no manejo sustentável das florestas, e esse é um dos caminhos para manter a floresta em pé.

Atualmente, pouco mais de um milhão de hectares de floresta são explorados no Brasil por meio de concessões de manejo, enquanto o país tem cerca de 65 milhões de hectares de florestas públicas – federais e estaduais – que podem ser usadas com esse fim. Para se ter uma ideia, um hectare é aproximadamente o tamanho de um campo de futebol.

Aline Bernardes destaca que o aumento da exploração sustentável das florestas para 20 milhões de hectares, até 2030, como prevê o Serviço Florestal Brasileiro, terá outros efeitos benéficos na economia da região amazônica, além dos ambientais.

“Pode gerar até 56 mil empregos adicionais diretos e 115 mil indiretos. Então, isso é uma coisa impressionante, falando de uma economia de base de uso responsável.”

Presentes na audiência, os representantes do Serviço Florestal Brasileiro, do Banco da Amazônia, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, da Associação Brasileira das Empresas Concessionárias Florestais e deputados e moradores da região manifestaram-se favoráveis a esse projeto, incentivando o financiamento público dessas atividades e a sua fiscalização por meio de satélites georreferenciados.

Além das madeiras, os debatedores defenderam o uso sustentável do extrativismo dos produtos da floresta, como os óleos de copaíba e andiroba, por exemplo, a fabricação de medicamentos com a imensa biodiversidade da Amazônia, bem como o uso variado das frutas da região. Somente com o açaí, o Brasil fatura 600 milhões de reais por ano. Antes consumido somente na região, o açaí hoje o é exportado mundialmente, sendo que os Estados Unidos são o maior comprador.

Agência Câmara