Equilíbrio Sempre

513 deputadas e deputados federais iniciaram seus mandatos na atual legislatura em fevereiro deste ano. De lá pra cá já usaram R$ 10 milhões de suas verbas de gabinete. Metade disso foi usado para contratação de empresas ligadas à comunicação digital. É um cuidado com as redes sociais.

Poucos dias após perder e disputa pela Presidência do Senado, Renan Calheiros concedeu uma entrevista comentando o resultado daquela eleição. Ele chamou a atenção para o que chamou de “turma das redes sociais”. Foi através das redes sociais que os senadores foram pressionados para não votar em Renan.

Na eleição presidencial, Jair Bolsonaro já havia dito que não participaria de debates. Nas redes sociais, seu exército de seguidores fazia coro a tudo que ele escrevia e replicava tudo a favor dele. Com o atentado que sofreu à sua vida, passou a dominar além das redes sociais, tomando conta de todo noticiário.

Esses dias, o experiente senador Tasso Jereissati disse a seguinte frase: “as votações [no senado] eram de acordo com a convicção. Agora, as pessoas votam com medo de apanhar das redes sociais. E a população nem sempre está com a razão, a começar com o julgamento de Jesus Cristo e Barrabás.”

Esses dias, enquanto acontecia a votação que viria a tirar do ex-juiz e agora ministro Sergio Moro o comando do COAF, a bancada do PSL, partido do presidente Bolsonaro, estava toda entretida com seus celulares e as redes sociais. Não conversaram, não articularam. Resultado: governo perdeu a votação.

Nos oitos anos em que estive vereador em Mossoró, sempre usei as redes sociais, na época principalmente Twitter e Facebook, para prestar contas do mandato e informar sobre o que acontecia na Câmara Municipal. Fui criticado por pessoas ligadas ao prefeito por fazer isso. No que pese nunca ter perdido uma votação ou discussão por isso.

A conectividade é uma coisa irreversível. Conheço um ou outro que não possui rede social. Um dos últimos rendeu-se ao Whatsapp recentemente. O que não podemos, e isso ser para política, jornalismo, vida profissional e pessoal, é deixar que ela nos domine. Há gente doente por aí, com problemas de vício em rede social/internet.

Também não se pode achar que internet/rede social é uma terra sem Lei, onde não há limite para acusações, agressões, informações mentirosas, etc. É preciso estar vigilante com as informações. O político, juiz ou promotor, assim como o médico ou comerciante precisa ter discernimento sobre o que deve ser feito, a responsabilidade necessária nas horas das decisões.

Assim como um pai precisa saber a hora de repreender, a hora de punir, elogiar ou recompensar, as pessoas que tomam as decisões também precisam saber que não se pode, a todo tempo e à toda hora, simplesmente por que um grande número de pessoas quer, fazer qualquer coisa.

Não se pode de jeito nenhum, a tempo algum, ignorar a opinião das massas, hoje expressadas fortemente através as redes sociais. O povo precisa ser ouvido. A opinião das pessoas precisa ser levada em consideração, principalmente por todos aqueles pagos com dinheiro público: servidores públicos, políticos, juízes, promotores, etc.

A palavra de ordem deve ser sempre equilíbrio.