Eólicas passam a ser principal fonte de energia elétrica no Nordeste

Os parques eólicos implantados em vários estados nordestinos estão se consolidando como a principal fonte para geração de energia elétrica na Região, aponta recente relatório do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), órgão de pesquisas do Banco do Nordeste. Considerados somente janeiro e fevereiro deste ano, a energia provinda desses parques já representa 36,5% da matriz elétrica regional, ante 34,1% oriundos de fonte térmica e 29,5% provenientes de fonte hidráulica.

O histórico levantado no relatório revela rápido crescimento a partir de 2014, quando essa fonte passou de 7,8% na geração de energia elétrica para 19,2% no ano seguinte. No final de 2016, a fonte eólica já representava 37,2%. Para efeito de comparação, em 2008, esse percentual beirava ínfimos 0,3%. O crescimento, segundo o Etene, deve se consolidar em parte devido ao esgotamento do potencial hidrelétrico economicamente viável na Região.

“A tendência é o incremento paulatino da participação da fonte eólica na matriz de geração de energia elétrica da Região nordestina, em razão desta ser, atualmente, a segunda alternativa mais competitiva, perdendo apenas para as grandes hidrelétricas”, ressalta o coordenador de estudos e pesquisas do Etene, Francisco Diniz Bezerra, doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, não prevê nenhum projeto de hidrelétrica para o Nordeste até 2024. Por outro lado, a Região deverá contar em breve com aporte de 3,3 gigawatts (GW) a partir de usinas de geração de energia de fonte eólica já em construção. Há ainda outros 4,1 GW de projetos já aprovados e com construção não iniciada, previstos para entrar em operação nos próximos anos.

Segundo o Etene, a previsão é que os projetos em andamento e previstos no Nordeste demandarão  recursos da ordem de R$ 35 bilhões, representando boas oportunidades para toda a cadeia produtiva. Somente para 2017, o Banco do Nordeste conta com R$ 11,4 bilhões aportados no FNE Infraestrutura, passíveis de aplicação em projetos ligados a esse setor.

As demandas por recursos devem aumentar ainda mais em um horizonte de futuro mais amplo, já que a expectativa é que, até 2024, 11,6% de toda a capacidade de geração de energia elétrica do Brasil provenha de fonte eólica. Segundo o Etene, graças ao elevado potencial eólico do Nordeste, essa mudança na matriz energética deve colaborar para a Região alcançar a autossuficiência na geração de energia elétrica.

O estudo encontra-se disponível na seção “Cadernos Setoriais”, no site do Banco do Nordeste na internet, no endereço https://www.bnb.gov.br/publicacoes-editadas-pelo-etene.

FNE Infraestrutura  – Contando com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o FNE Infraestrutura é uma linha de crédito que dispõe de R$ 11,4 bilhões para investir em obras estruturantes na Região. É voltada para investimentos privados, por meio do financiamento de empresas engajadas em parcerias público-privadas (PPPs) e concessões.