ENTREVISTA – Isaura Amélia

Isaura Amélia de Sousa Rosado Maia é licenciada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (1971), mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará (1984) e doutora em Sociologia da Educação pela Universidad de Salamanca. Foi Diretora-Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) e diretora da Fundação José Augusto. Tem experiência na área de educação, cultura, sociologia, ciência e tecnologia. Assumiu a Secretaria de Cultura de Mossoró há pouco mais de um ano e, nestes tempos de pandemia, o desafio de apoiar o campo cultural mossoroense. Isaura é a nossa entrevistada da semana.

 

Que avaliação você faz desta sua breve passagem pela Secretaria de Cultura de Mossoró?

Parece que vim mesmo para cuidar da Lei Aldir Blanc e alguns outros editais. Programamos uma maratona cultural que está sendo suspensa pelo mesmo motivo do Mossoró Cidade Junina. Mas, na verdade o meu maior objetivo era instalar um novo museu em Mossoró, um museu de arte, uma pinacoteca.

 

Em algumas entrevistas, desde que você assumiu a secretaria e até antes, com o antigo secretário, dizia-se que havia um projeto de recuperação do Corredor Cultural de Mossoró. O que houve? Por que não foi implementado este projeto?

Sim, foi iniciado, não só do Corredor Cultural, mas a restauração de todos os equipamentos culturais da cidade. O Museu Lauro da Escóssia foi licitado e está em obras. A ideia é garantir a acessibilidade com elevador e uma escada externa, e implantar na parte superior a Pinacoteca de Mossoró. Recursos do FINISA em torno de R$ 900.000,00 e emendas do Deputado Beto Rosado da ordem de R$ 600.000,00.

Ontem foi aberta a Licitação do Memorial da Resistência e logo mais, ainda na gestão de Rosalba, a da Praça da Convivência. Para a próxima gestão estão ficando os projetos já concluídos e os recursos assegurados pela FINISA:

Estação das Artes: R$ 1.392.981,00.

Teatro Dix-huit Rosado: R$ 4.538,421,00

Biblioteca Ney Pontes Vieira: R$ 825.165,00

Arena Cultural: R$ 3.125.829,00

Arte da Terra: R$ 495.099,00

 

A Pinacoteca de Mossoró é uma iniciativa sua. Você conseguiu implementar tudo o que queria?

Caminhamos na captação dos recursos, também na estrutura física e na elaboração dos projetos: museográfico, de arquitetura e de curadoria. A pandemia atrapalhou bastante. Mas é um projeto muito bem “desenhado”. Se a nova gestão desejar continuar, diferente das artes cênicas, o movimento das artes plásticas da cidade ainda é tímido. Carece de impulso, a Pinacoteca faria ou fará esse papel.

 

Sua gestão pegou um período complicado, que foi, justamente, uma pandemia. Que ações você destacaria no enfrentamento a este problema e em favor da cultura local?

 

Apoiamos a cultura entregando os recursos aos artistas. Vamos encerrar este ano repassando nestes últimos sete meses, dois milhões e quatrocentos mil reais através de quatrocentos prêmios. Foi um processo bastante democrático. Ouvimos e submetemos todas as iniciativas da Secretaria ao Conselho Municipal de Políticas Culturais, aliás, como deve ser. Aproveito para agradecer publicamente à presidente Joana D’arc Fernandes e a todos os membros do colegiado, tenho certeza que acertamos mais com esse apoio.

Também ouvimos de forma presencial os grupos de artesãos, circo, carnaval, terreiros, quadrilhas, os que fazem recreação. Na plataforma conversamos muito, demais, não só com quem nos procurou, mas instigamos reuniões e discussões. Nossos editais foram formatados a partir das sugestões dos artistas. Formamos mais de 50 contribuições.

 

Quanto à Lei Aldir Blanc (LAB), que avaliação geral você faz da Lei?

Dedicamos inteligência e trabalho braçal. A Prefeitura através da Controladoria, Procuradoria, assessorias, Administração, Financeiro, fomos todos juntos preparar nosso instrumental de trabalho. Nos somamos e multiplicamos para alcançar os resultados que alcançamos. Prova disso é que fomos o primeiro município do RN a repassar recursos para os artistas, talvez até do Brasil. Como produzimos nos decretos, nossos editais muito cedo, pudemos apoiar e ajudar muitos municípios, principalmente da Zona Oeste. A bem da verdade, estamos preparando a nossa prestação de contas. A equipe foi valente e disposta, Joriana, a gestora da Lei, se desdobrou. Todos foram excelentes

 

Você disse, logo quando houve a implementação da lei que gostaria que ela deixasse um legado para Mossoró. Que legado vai ficar?

Espero ter contribuído para que o olhar da imprensa, do jornalismo se dirija às artes e aos artistas da cidade. Como? Através de um ou dois blogues, de um jornal mensal, e de 12 edições de revistas que vão dar conta do estado da arte da cultura mossoroense.

Espero ter contribuído com canções que declaram seu amor por Mossoró. Foram mais de 20 inscritos para o concurso, em tão pouco tempo.

Marcelo Amarelo e Guaraci Gabriel vão presentear Mossoró com monumentos,  Nôra Aires também.

Dentre as importantes publicações, há duas que destaco, a biografia de Milton Marques escrita por Lúcia Rocha e a de Everaldo Bernardino de Sousa, sobre a história dos bairros da cidade, além de documentários em vídeos.

Também considero um legado o trabalho que cada artista vai poder realizar em benefício da sua comunidade, das escolas. Legando também são os cursos e oficinas de projeção mapeada, de restauração de pintura em cavalete, de adereços com os mestres e artesãos de Parintins.

 

Quais os próximos desafios de Isaura Amélia?

 

Colocar meus netos no colo. São gêmeos, Otto Dix-sept e Manoel Silvino, já tem três meses, e ainda não pude acalentá-los. E a Pinacoteca não saiu dos planos.

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