ENTREVISTA – Eliete Vieira

Eliete Viera da Silva nasceu em Mossoró aos 11 de setembro 1964. Ainda criança foi doada a uma família de Umarizal, onde permaneceu de 1972 a 1979. Retornando a Mossoró, concluiu o primeiro grau no Centro Educacional Jerônimo Rosado. Iniciou um curso profissionalizante em Saúde, no Colégio Abel Coelho, mas, segundo ela, quando viu sangue, desistiu. Concluiu Magistério em 1991,  ingressou em pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) e é pós-graduada em leitura e produção de texto pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em 1999 passou no primeiro concurso para professores das séries iniciais em Mossoró e em 2002 novamente em um outro concurso, assumindo duas salas de aula. Em 2008 concorreu pela primeira vez em uma chapa a diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum), como suplente da diretoria-executiva, foi também secretária-geral e é atual diretora-financeira do sindicato. Na próxima quarta-feira (14), Eliete, encabeça uma chapa única para a diretoria do Sindiserpum para o quadriênio 2021/2025. A sindicalista falou das suas expectativas e lutas para os próximos anos. Eliete é divorciada e mãe de três filhos, Marcos Rodrigo, Ronaldo Segundo e Amanda Ravenna “são os meus melhores e maiores feitos nesta encarnação”.

 

O Mossoroense: Quais os principais desafios você imagina encontrar à frente do Sindiserpum para os próximos anos?

Eliete Vieira: Os maiores desafios que a próxima gestão do Sindiserpum enfrentará será garantir respeito aos direitos dos servidores públicos municipais de Mossoró, diante dos ataques que os servidores e os serviços públicos vêm sendo alvo desde o governo Temer que no trouxe reforma trabalhista, na sequência veio o governo Bolsonaro com a reforma da Previdência, o teto de gastos e, por fim, esta lei que não permite reajuste de salário dos servidores públicos durante os próximos 15 anos. Outro grande desafio será unificar os servidores públicos de Mossoró, despertar nestes o sentimento de que independente da função que cada um exerce o que nos unifica e nos fortalece é que TODOS e TODAS somos SERVIDORES PÚBLICOS do Município de Mossoró.

 

OM: A que você atribui não haver uma segunda chapa concorrendo à diretoria do sindicato?

EV: Acredito que a atual conjuntura inibiu a inscrição de outras chapas. Digo isto porque ser sindicalista em governos democráticos é uma realidade mais favorável a reivindicar, se manifestar publicamente, comandar greves e conquistar direitos, enquanto que ser sindicalista em tempos de ataques e retirada de direitos e perseguições aos sindicatos e dirigente sindicais é muito mais desafiador.

 

OM: Você é sucessora de Marleide Cunha, que teve uma atuação muito combativa, o que você levará de ensinamento e o que não levará para a sua gestão?

EV: Ser sucessora de Marleide pode inclusive estar listado como um grande desafio, tendo em vista que ela, em minha opinião, foi a melhor e mais preparada pessoa que esteve à frente dessa renomada e combativa instituição sindical que é o Sindiserpum. Ensinamentos nós temos cotidianamente nas nossas relações interpessoais e o que vou procurar evitar com certeza serão comparações entre nós duas. Temos algo que nos identifica que é a defesa incessante dos direitos da classe trabalhadora em especial, os servidores públicos municipais, mas somos pessoas diferentes e temos formas específicas de nos posicionarmos.

 

OM: Que atuação Marleide terá junto à nova diretoria?

EV: Marleide Cunha estará na Diretoria de Formação de Política Sindical e terá papel de suma importância para o despertar nos servidores públicos municipais o sentimento de pertencimento de classe e interesse em exercer sua cidadania na luta em defesa dos seus direitos de forma firme e determinada.

 

OM: Como você avalia a atual gestão municipal até este momento?

EV: Temos visto que foi gerada uma expectativa muito grande em torno da Eleição do atual Prefeito. Vimos também o sentimento de frustração quando o mesmo apresenta um cronograma de 18 meses para pagar parte da folha de dezembro de 2020 deixada em aberto pela gestão anterior. Em mobilização pelos locais de trabalho ainda percebemos que as condições necessárias para que o serviço público seja exercido com eficácia e eficiência ainda são muito precárias. É um anseio nosso enquanto cidadã mossoroense que a atual gestão traga para o nosso município geração de emprego, investimento em saúde, educação, segurança, assistência social, saneamento básico, esporte, cultura e lazer e busque amenizar ou quiçá extinguir o numero de pessoas em situação de rua no nosso município. Sendo mais específica quanto ao servidor público avaliamos que a gestão ainda não disse a que veio quanto à valorização destes.

 

OM: O prefeito Alysson Bezerra tem protelado decisões importantes em demandas para o servidor. Você prevê alguma possibilidade de enfrentamento com esta gestão?

EV: Até o presente momento temos percebido o discurso de interesse na valorização dos servidores e que os mesmos serão prioridade durante a sua gestão, entretanto na prática vimos um cronograma do pagamento de parte da folha do de dezembro deixado pela gestão anterior, escalonado em 18 meses, fato que frustra no servidor a expectativa criada de que enfim seria de fato prioridade. Esperamos, porém que haja o mais rápido possível demonstrações através de ações concretas por parte do Prefeito que valorizem aos servidores do município de Mossoró e que aberrações como, por exemplo, no nosso município encontrarmos técnicos de enfermagem com salário base inferior a um salário mínimo e termos uma parcela considerável dos servidores da saúde presos a plantões extras, desgastando sua saúde e outra parcela presa em horas extras para conseguir um pouco de dignidade frutos de sucessivas gestões que preferiram não pagar salários dignos a estas categorias para utilizar plantões, horas extras e aulas excedentes como moeda de troca com objetivos eleitoreiros. Temos uma demanda de direitos reprimidos muito extensa e caso o diálogo se feche por iniciativa do prefeito ou que este diálogo, no momento aberto, não resulte em conquistas e valorização para os servidores públicos municipais de Mossoró, o Sindiserpum durante seus 32 anos de existência, jamais se furtou da luta e não será agora que se furtará.

 

OM: O Sindiserpum sofreu uma grande perda na última gestão com o fim do recolhimento da contribuição sindical no contracheque dos seus associados. Como o sindicato está lidando com esta nova realidade?

EV: Após este ato antidemocrático e antisindical proferido pela gestão anterior com o intuito de calar a voz do Sindiserpum, que expunha as vísceras adoecida da referida gestão foi um tiro que saiu pela culatra. O Sindiserpum continuou firme na luta e se mostrou imbatível e que tem representatividade em sua base. Foi feito campanha de refiliação e se hoje ainda não conseguimos alcançar o número de sócios que tínhamos em 2019, o maior prejudicado foi o sócio do Sindiserpum que perdeu o benefício de ter acesso a consultas com alguns especialistas se a uma variedade de mais de 80 tipos de exames laboratoriais. Diante disso é que temos a tranquilidade em afirmar que apesar do ataque vil e desnecessário o Sindiserpum não perdeu seu poder de luta e manteve sua credibilidade perante a sociedade mossoroense e principalmente perante os servidores públicos municipais.

 

OM: Você vivenciou de perto constantes ataques às finanças da PREVI/Mossoró. Que diagnóstico você faz da instituição hoje?

EV: Infelizmente desde que foi criada a Previdência Própria do Município de Mossoró PREVI- Mossoró, foi vítima de atrasos dos repasses por parte de todas as Gestões no período de janeiro de 2012 até dezembro de 2020. Estes débitos foram parcelados e reparcelados de forma recorrente causando uma fragilidade financeira ao Instituto de Previdência do nosso município, fato que muito nos preocupa. Caso não haja concurso público para todas as categorias e os atrasos e parcelamentos persistam, a sustentabilidade financeira desta Instituição estará em risco. É luta contínua do Sindiserpum a defesa do pagamento dos repasses patronais e dos servidores de forma rigorosamente em dia e a realização dos concursos públicos. A sustentabilidade financeira do PREVI – Mossoró é o que garantirá vida digna aos atuais servidores municipais aposentados e aos futuros.

 

OM: Como se dará o processo eleitoral deste ano, tendo em vista o período de pandemia?

EV: Nós protelamos essa votação o máximo que pudemos com esperança que a pandemia acabasse, diante desse quadro ainda preocupante, estamos sendo obrigados a realizar essa eleição com certo receio, mas usando todas as medidas preventivas, como uso de máscara, respeito ao distanciamento, uso de álcool em gel. Teremos 04 urnas fixas no Sindiserpum, 01 urna fixa no Centro Administrativo e 10 urnas itinerantes que passarão por todos os locais de trabalho. Essa foi a forma que encontramos para que as eleições se dessem de forma transparente e segura.

OM: Considerações finais.

EV: Agradecemos o espaço dado para divulgarmos o processo eleitoral do Sindiserpum para o quadriênio 2021/2025 e para apresentarmos nossos anseios e expectativas de lutas e conquistas para o próximo mandato do Sindiserpum União e Resistência na luta.

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