Entidades se posicionam diante da violência contra os servidores estaduais

Os professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Servidores da Saúde, desde quarta-feira, 22, acampavam no prédio da Secretaria de Estado do Planejamento (SEPLAN), em protesto contra os atrasos salarias, desde então estavam de forma pacífica, sem quebrar nada, mas na sexta-feira, 24, o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) atirou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, dentre outras coisas, para retirar os manifestantes que participavam da ocupação.

No manifesto, estavam presente os professores, servidores da saúde e estudantes. Luana Paula, Professora da UERN do Curso de Serviço Social nos relatou sobre o momento em que os policias chegaram atacando os manifestantes.

“Depois de vários dias de acampamento na governadoria, aguardávamos que o Governador Robinson Faria nos chamasse para uma negociação de proposta diante do quadro que estamos, que é de salários atrasados há dois meses. A nossa intenção com ação radicalizada, era tirar o Governo da passividade dele, diante da necessidade de negociação, mas o que aconteceu foi o inverso, o Governo não dialogou e ao final, a Polícia chegou extremamente violenta, truculenta, e não teve a menor mediação no processo de retirada da gente do espaço, usou bomba de gás lacrimogênio, spray de pimenta, bomba de efeito moral, bala de borracha, e quebraram as coisas. Foi um ato muito tenso, muito violento, ficamos todos assustados. Nunca imaginei que pra defender o meu salario, eu tinha que passar por isso”.

A ação da polícia atende ao pedido de reintegração de posse do prédio feito pelo Governo do Estado.

“Quando terminou a Reintegração de Posse, todos nós estávamos muitos cansados, machucados, A ADUERN repudia esse ato, estamos falando de professores, servidores da saúde pública, todos concursados, estudantes e trabalhadores do sindicato. Não somos bandidos, nem criminosos e nem terrorista, para sermos tratados daquela forma. Até imprensa televisiva, levou spray de pimenta. A greve e a luta continuam, outras ações radicalizadas virão, não se encerra com uma bomba de gás lacrimogênio.” Afirmou Cláudio Palheta, Assessor de imprensa da Aduern.

Várias entidades se posicionaram diante da violência contra os Servidores.

“Dou meu total apoio aos professores e servidores da saúde, que estão cobrando justiça, além apoiar também essa atitude deles de reivindicar seus salários atrasados,  que o Governo recusa a pagar, e em vez de dialogar com os servidores, preferiu radicalizar. O Governo da prioridade a outras instituições, sendo que a maioria desses professores e servidores da saúde possuem filhos, precisam comprar remédios, comprar alimentação, precisam de assistência médica, dentre outras necessidades e com isso necessitam do pagamento dos seus salários em dia. Afirma a vereadora Sandra Rosado (PSB) que faz parte da Frente Parlamentar e Popular em Defesa da UERN.

O Reitor Jairo José Campos da Costa, de Alagoas, também deu seu posicionamento.

“Venho, através deste texto, manifestar a minha indignação contra o governador nefasto do meu Estado de origem, o Rio Grande do Norte, Robinson Faria, que no dia de hoje, através da PM, agrediu, humilhou e jogou bomba e pimenta sobre os meus queridos mestres, professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, em Natal.

Nunca pensei, aos meus 41 anos de idade, ver uma situação dessa com pessoas de alto nível, que se doutoraram em centros de excelência do Brasil, que me ensinaram valores que carrego até hoje e pelo fato de exigirem o pagamento de seus salários e reivindicarem respeito à Universidade que me formou em 1997 e que até hoje forma pobres e sitiantes, sobretudo do Sertão potiguar, são agredidos e humilhados desta forma. Não se faz isso com professor, governador! Aprenda a ser gente! Tenha vergonha nessa cara!

Como pode, estudantes, professores universitários e servidores administrativos que labutam, diariamente, pela construção de uma educação superior pública de qualidade, as cabeças pensantes formadoras de novos profissionais, serem tratados dessa forma? Onde iremos chegar?

Aproveitemos cenas terríveis como essas e reflitamos a real situação em que esse país se encontra. Esses ladrões vestidos de paletó que nós elegemos anos a fio, escória da pior estirpe, excremento podre, carrapatos do cão precisam ser expurgados da política. Precisam ir pra cadeia, pelo saque que fizeram nos cofres do meu Estado. O Rio Grande do Norte faliu por práticas espúrias, constantemente praticadas por esse monte de sanguessuga do erário público.

Respeite os meus professores! Respeite a UERN! Respeite os homens e as mulheres de bem que com a suas lutas diárias, fazem ciência, produzem saber, formam profissionais, contribuem, pela educação, para a construção de um mundo melhor.

Em nome da Universidade Estadual de Alagoas- UNEAL que dirijo. Sou solidário aos meus mestres e quero crer que dias melhores virão. Que outra sociedade é possível ser construída pelo processo de emancipação dos sujeitos pela Universidade pública. Leiamos a cena de hoje como uma aula de campo. Como um daqueles dias que a gente volta pra casa de consciência tranquila por ter ensinado muito aos nossos alunos. Não nos acabamos. Vamos olhar pra frente e continuar a luta, diária, cotidiana, pela sobrevivência da UERN. Esse grande patrimônio público, gratuito e de qualidade que há meio século emancipa pessoas e ajuda no processo de desenvolvimento do Estado potiguar” afirmou Jairo José Campos da Costa.

A UERN  em nota, também repudia o uso da força policial contra os servidores.

“A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) repudia qualquer tipo de violência e lamenta que o Governo do Estado tenha apelado para a força desproporcional contra professores e servidores da saúde que ocupavam a Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN).

O cumprimento de uma ordem judicial pode ser feito de várias formas, uma delas é o convencimento através do diálogo, nunca pela força.

É inadmissível que esse tipo de expediente tenha que ser usado contra trabalhadores que protestam, legitimamente, pela dignidade de receber os salários em dia, num ato que não é apenas protesto, mas também um grito de socorro.

Nos mantemos à disposição para mediar as negociações necessárias, como sempre fizemos, destacando que na universidade está um braço importante para o desenvolvimento e fortalecimento da cidadania do nosso povo. Pela forma como tratamos ela, saberemos qual o futuro de nossas gerações”. Pedro Fernandes Ribero Neto – Reitor, Fátima Raquel Rosado Morais – Vice-reitora