Efeito Lula

        De junho de 2013 pra cá, a rejeição à política só tem crescido. Com a Operação Lava-Jato e algumas outras ao redor do País, com as malas de dinheiro em apartamento ou vida luxuosa em palácios da moda, patrocinadas com dinheiro público e usufruída por alguns poucos, a imagem de quem faz política é a pior possível.

        É com esse cenário que vamos viver 2018 e as eleições para Presidência da República, governos estaduais, Senado, Câmara dos Deputados e assembléias legislativas. Sou radicalmente contra o voto nulo, mesmo as vezes aceitando a dificuldade que alguns têm em achar alguém que concentre o que pensam ser o mínimo aceitável para receber seus votos.

        O ex-presidente Lula e muitos que fizeram parte de seus governos e do da ex-presidente Dilma sofrem um linchamento público ostensivo desde que começou a Lava-Jato, mesmo assim o Datafolha lhe deu 38% na preferência do eleitorado para 2018, o Ideia Big Data ouviu de 34% dos eleitores que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve e o Ibope lhe deu em média 35% na corrida presidencial.

Você pode até não gostar de Lula, mas não pode dizer que estes três institutos têm qualquer tipo de ligação política ideológica com o petista. Também não pode dizer que só vota em Lula quem é nordestino e “cliente” do Bolsa Família. Tem muita gente rica, estudada, formador de opinião que está ao lado do ex-presidente.

        Para tumultuar ainda mais o meio de campo, o Tribunal Regional Federal-4, que julgará os recursos de Lula contra a condenação imposta pelo juiz Sergio Moro, marcou o julgamento para janeiro, fazendo deste processo um dos mais céleres, se não o mais, naquela corte. Lula será condenado? Se for, cai na Lei da Ficha Limpa e não pode ser candidato? Quem ele apoiaria? Transferiria os votos?

        Isso tudo reflete não só na corrida presidencial. A força de Lula no Nordeste é grande, disso ninguém duvida. Reflexo disso no RN é que a senadora Fátima Bezerra lidera as pesquisas pro Governo e a deputada Zenaide Maia desponta como vencedora de uma das cadeiras na disputa pelo Senado. É óbvio que isso é simplesmente um reflexo da força do ex-presidente por estas bandas, afinal, a atuação das duas se destaca mais por serem contra o presidente Temer e a favor de Lula e Dilma.

        Segundo o Datafolha, 31% do eleitorado aparece como “antiLula” e outros 31% como “pendulares”. Bolsonaro lidera entre o terço “antiLula”. Quem conquistará os “pendulares”? Até onde vai a força de Bolsonaro? Alckmin decola? Ciro vai mesmo? Marina Silva tem fôlego? Além disso, quanto teremos de  votos brancos e nulos teremos? Incertezas que servem de combustível para especulações que animam os que gostam de conjecturar sobre quadros políticos.

        Uma coisa não pode ser negada, assim como em outras tantas eleições que tivemos Lula como candidato, em 2018, mais uma vez, teremos nele um grande efeito sobre a eleição.