Economia Ministros do G-20 devem pedir mais diálogo e parceria

Reunião dominada por temas do comércio internacional acaba hoje

Publicado em 22/07/2018 – 13:57

Por Monica Yanakiew – Repórter da Agência Brasil Buenos Aires

Os ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais do G-20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia) concluem hoje (22) o terceiro encontro deste ano. A com um comunicado ressaltando a importância do comercio internacional. A reunião ocorre num momento de escalada da guerra tarifaria entre as grandes potencias.

“Falamos de comércio de maneira racional e todos concordamos que é importante que tenhamos mais comércio”, disse o secretário internacional do ministério da Fazenda do Brasil, Marcello Estevão, em entrevista coletiva. “O que estamos pedindo em geral é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos”, concluiu.

Segundo Estevão, apesar de haver diferenças de opiniões, todos expressaram preocupação sobre as restrições ao comercio mundial, porque a guerra de tarifas afetará o crescimento das economias de países desenvolvidos e também em desenvolvimento.

“Estamos todos preocupados com o que está acontecendo, porque não envolve só China e os Estados Unidos. Todos nós podemos levar uma bala perdida quando há briga entre economias muito grandes”, disse Estevão. “Há pouco, levamos alguma bala perdida com o aço”, acrescentou, referindo-se à ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de taxar todas as importações de aço.

A guerra foi desencadeada quando os Estados Unidos decidiram aplicar tarifas de 25% sobre US$ 34 bilhões de importações chinesas. A China retaliou, fazendo o mesmo. O governo norte-americano já identificou outros produtos chineses, no valor de US$ 200 bilhões, sobre os quais ameaça aplicar uma taxa de 10%.

Nesta queda de braço, os Estados Unidos têm mais margem de manobra: em 2017, importou US$ 505 bilhões da China, mas exportou apenas US$ 130 bilhões. Mas o governo norte-americano enfrenta oposição interna, de indústrias que serão prejudicadas, porque dependem de insumo importado, e dos consumidores, que terão que pagar mais caro – algo que não é um problema para a China, onde o Estado controla a economia, o câmbio e a política.

União Europeia

Os Estados Unidos também já aplicaram tarifas às importações de aço e alumínio da União Europeia, do Canada e do México. O Brasil também estava na lista, acabou negociando quotas. Agora os Estados Unidos ameaçam taxar os veículos europeus.

O ministro das Finanças da Franca, Bruno Le Maire, disse que os Estados Unidos estavam aplicando a “lei da selva” com sua política de aplicar tarifas de forma unilateral. O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, respondeu que “se a Europa acredita no livre comercio, estamos prontos a assinar um acordo sem tarifas, sem barreiras não tarifarias e sem subsídios”. Le Maire retrucou que a França “se recusa a negociar com um revólver apontado a sua cabeça” e que os Estados Unidos devem dar o primeiro passo para voltar atrás na guerra comercial.