Domício Arruda: OS DOIS LADOS DA VACINA

No país das contradições, se gritar pega coerente, não sobra um, meu irmão.

Não é de se estranhar que o acesso a portadores de comorbidades às intermináveis filas, tenha gerado tanta controvérsia e aprofundado o fosso das divisões imuno-ideológicas.

Os mesmos defensores da obrigatoriedade da vacinação, depois de terem crucificado quem não comprou produto ainda não terminado, não testado nem provado, agora querem escolher quem deve ter acesso preferencial ao preciosíssimo líquido .

Pelo que se curte e se encaminha nas redes sociais, a decisão deve parar no STF.

Para decisão monocrática, em respeito à jurisprudência vacinal, em duas doses.

Novos mídia-cientistas, tendo estudado em profundidade o sexo dos anjos, se dedicam ao estabelecimento de  parâmetros de ingresso aos drive- thrus.

Resgatam questões filosóficas que merecem ampla e demorada reflexão.

Partindo do princípio do risco de condições pre-existentes agravarem a infecção virótica,  como estabelecer equidade, se há tanta diferença de orientação política.

esquerda-caviar, constitui o grupo de comorbidades que mais preocupa.

São os mais contraditórios.

Um hipertenso lulo-petistapode tomar a imunizante imperialista yankee ou deve necessariamente esperar a liberação  da Sputnik V  pela Anvisa?

Diabéticos do partidão ou do PCdoB light, em rigorosos controles dos níveis glicêmicos, serão obrigados a esperar pela Soberana, a cubana?

Ministério da Saúde,  para não comer de novo a mesma mosca da Pfizer, terá de fazer a encomenda da vacina que Maduro ordenou fosse produzida nos laboratórios venezuelanos, para atender o grupo  dos mais  radicais, classificados na escala vermelha entre o PSOL e o PCO?

As doses a serem aplicadas nos deltóides direitos também muito preocupam os comitês científicos.

Não é fácil acomodar tanta gente na pequena sala da UBS do poder.

É muito braço para pouca injeção de verbas.

Aí não tem jeito de não furar a fila.

A  patrulha canicaça, nem em relação às anti-rábicas esteve tão atenta.

Ao doutor ou doutora Roberta qualquer, que pelo fato de defenderem tratamentos precoces, além de diplomas cassados, merecem também o desterro da Vacinolândia .

Se um governador, baluarte da vacinação, herói das primeiras compras, divulgador doutrinário insistente, resolve esperar pela única disponível aceita para ingresso no país onde mantém  uma segunda residência.

Com o olho vivo no deputado, médico tributarista, infectologista auto-didata, pregador eletrônico, para que se mantenha livre da doença, exclusivamente com vitaminas, mezinhas, ivermectinas e cloroquinas que recomenda e a grande mídia diz que cobra. Em likes no canal do YouTube.

Enquanto não termina  grande batalha de Inharé, até a contagem  dos votos impressos das urnas eletrônicas de 2022, haveremos de ter novidades farmacológicas.

Pai d’égua, a vacina cearense, a aprovação da cloroquina pelo Jornal Nacional e um prêmio de consolação para o perdedor do segundo turno.

Ozônio nele.

Publicado em Território Livre, TN

Domício Arruda é Médico Urologista, Foi presidente da Unimed Natal, Diretor Geral do Hospital Walfredo Gurgel e Secretário Estadual da Saúde.

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