Diferença entre ricos e pobres que concluem o Ensino Médio diminui 14,5 pontos

Em 10 anos, diferença entre jovens mais ricos e mais pobres que concluem o Ensino Médio diminuiu 14,5 pontos percentuais no Brasil. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), no ano de 2005, apenas 18,1% dos jovens de 19 anos entre os 25% mais pobres da população haviam concluído o ensino médio. Já entre os 25% mais ricos, a porcentagem era de 80,4%, uma diferença de 62,3 pontos percentuais.

No ano de 2014, os indicadores subiram tanto entre os mais pobres, quanto entre os mais ricos. Um percentual de 36,8% dos jovens mais pobres concluiu o Ensino Médio e, entre os 25% mais ricos, a taxa foi de 84,9%. Desta forma, a diferença entre os dois grupos caiu para 47,8 pontos percentuais.

O percentual de concluintes também aumentou, passando de 41,4% em 2005 para 56,7% em 2014. No período de 10 anos, a quantidade de jovens brasileiros de até 19 anos concluintes saiu de 1.442.101 para 1.951.586.

Os dados foram levantados e divulgados pela organização não governamental Todos Pela Educação nesta quinta-feira, 18. A instituição tem monitorado os dados do PNAD para verificar se, até o ano de 2022, o país irá atingir a meta de que 90% ou mais dos jovens de 19 anos tenham completado o Ensino Médio.

“A perspectiva é redução de desigualdades. Esse dado é positivo. O Brasil está aumentando os índices e reduzindo as desigualdades. Como em outros indicadores de educação, observamos melhorias, destacamos melhorias, mas o Brasil não está melhorando a educação em um ritmo que a gente esperava”, afirma a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.

Ensino Fundamental

A redução das diferenças verificou-se também no Ensino Fundamental.  Em 2005, entre os 25% mais pobre com idade de 16 anos, 38,8% tinham concluído o ensino fundamental. No mesmo período, os jovens mais ricos alcançaram a taxa de 90%, resultando na diferença de 51,2 pontos percentuais. Em 2014, os mais pobres obtiveram a taxa de conclusão de 62,7% e os mais ricos de 92,2%, diferença de 29,5 pontos percentuais.

No Ensino Fundamental, a taxa de conclusão saiu de 58,9% no ano de 2005 para 73,7% em 2014 e a quantidade de concluintes foi de 2.106.316 para 2.596.218 no período. Para os jovens nesta fase de estudo e faixa etária, a meta é que a taxa de conclusão chegue a 95% até o ano de 2022.

Geração “nem nem” é desafio ao ensino

Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, no ano de 2014, embora tenha havido uma queda em relação ao ano anterior, 24,5% dos jovens no Brasil não estudavam e nem trabalhavam, compondo o chamado grupo dos “nem nem”. Ao todo, era uma média de 842.217 brasileiros nesta categoria e muitos não haviam seque concluído o Ensino Médio.

No grupo dos adolescentes de 16 anos, a porcentagem de “nem nem” era de 10,5% em 2014, o que corresponde a 370.633 adolescentes que não estão na escola e nem trabalhando. Outros 244.232 dos adolescentes, que somam 6,9% do grupo no país, estavam trabalhando e não estudando.

“Sem dúvida isso é preocupante e passa pela necessidade de reestruturação do ensino. Muito do aumento de quem não frequenta a escola é devido ao desinteresse no ensino médio”, avalia Alejandra Meraz.