Colombianos fazem greve geral contra privatizações e cortes de direitos trabalhistas
As principais cidades da Colômbia registraram nesta quinta-feira (21) alta adesão à greve geral contra as privatizações e o pacote de medidas trabalhistas e previdenciárias do presidente Iván Duque. Há manifestações e bloqueios em Bogotá, Medellín, Cali, Barranquilla, Boyacá, Pereira, Cúcuta e em outras cidades menores.
Na capital, milhares de manifestantes fizeram uma marcha até a praça Bolívar, onde fica a sede do governo do país, e estenderam uma faixa de mais de 100 metros com os nomes dos 537 líderes sociais assassinados nos últimos anos. Ainda na capital, milhares de estudantes da Universidade Nacional de Colômbia, além de indígenas da etnia nasa se juntaram à marcha principal carregando bandeiras e gritando palavras de ordem contra o governo Duque.
Segundo a Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia (CUT), funcionários das principais empresas públicas se juntaram à greve geral.
O serviço de ônibus Transmilenio, a principal forma de locomoção na cidade, está interrompida. Funcionários de universidades também se juntaram à mobilização. Mais cedo, a polícia jogou gás lacrimogêneo para tentar liberar o corredor de transporte público na região de Suba, ao norte da cidade.
Medellín
Em Medellín, segunda maior cidade do país, os sindicatos, estudantes e movimentos populares também se uniram em uma marcha que tomou uma das principais avenidas do município, a Ocidental. O metro na cidade suspendeu os serviços temporariamente, mas já voltou a circular.
O presidente do partido FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum), Rodrigo Londoño, o Timochenko, foi visto participando da marcha na cidade, junto a outros membros da agremiação. Ele estava em Medellín participando de um evento.
Por sua vez, em Barranquilla, a concentração se iniciou por volta das 10h da manha. A mobilização convocada por centrais sindicais reuniu os trabalhadores de diversas categorias, além de professores e trabalhadores da área da saúde.
No final do dia, os manifestantes devem marchar até o Paseo de Bolívar, a principal avenida da cidade.
Cali
Em Cali, no interior do país, manifestantes se concentram no setor conhecido como Sameco, também no norte da cidade. Eles queimaram pneus e fecharam a via que cruza a região. A movimentação na cidade começou por volta das 5h da manhã (7h em Brasília) e deve se estender para todas as regiões, com concentrações em frente à sede da prefeitura e nas entradas do município.
Houve episódios de repressão por parte do Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Polícia Nacional da Colômbia (Esmad) contra os manifestantes. A presença da Esmad durante a paralisação na cidade foi autorizada pelo governo local.
A (não) reação de Duque
O presidente Iván Duque, até o momento, não falou sobre a mobilização que toma conta das principais cidades do país. Ele compareceu nesta manhã à entrega de um prêmio para líderes do Judiciário e não fez nenhuma referência à greve geral.
Na quarta (20/11), em discurso na TV, Duque disse que seu governo “escuta” os manifestantes e que ir às ruas é um direito. “Sabemos que são muitos os desafios que, como país, temos que superar. Que são válidas muitas das aspirações sociais e que temos problemas que, ao longo da história, envelheceram mal. Por isso, trabalhamos de dia e de noite para encontrar alternativas e superar os obstáculos, como temos feito como nação ao longo de nossa história”, disse.
Na semana passada, Duque autorizou que militares (camuflados e armados com fuzis) fossem às ruas de Bogotá para “ajudar” a Polícia Nacional, segundo disse, à Caracol Notícias, o major Luis Fernando Barco. “Que nossa gente da capital, do centro de Bogotá se dê conta de que o Exército Nacional da Colômbia está em Bogotá e está acompanhando a Polícia Nacional”, afirmou.
Brasil de Fato