Celebração do Dia da Amazônia é marcada por incêndios e retórica de Bolsonaro

O Brasil celebrou nesta quinta-feira o Dia da Amazônia, comemoração que neste ano foi marcada pelo aumento dos incêndios na região e pela retórica contrária à proteção do meio ambiente adotada pelo presidente Jair Bolsonaro.

A data de criação do estado do Amazonas por Dom Pedro II foi institucionalizada como Dia da Amazônia em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, porém, a festa coincide com o agravamento das queimadas e do desmatamento na maior floresta tropical do mundo, uma crise que ganhou dimensões internacionais.

As queimadas são comuns nesta época do ano na região devido à seca, mas não costumam ser tão intensas. Só em agosto, foram 30.901 focos de incêndio, um número quase dez vezes maior do que o do mês passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Apesar da resposta lente do governo federal, as ações de combate ao fogo, que ganharam o reforço do Exército, e a melhoria das condições meteorológicas na região permitiram a extinção de parte dos incêndios em algumas regiões do estado da Amazonas.

O coronel Reinaldo Silva, do 54ª Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, explicou que começaram ontem as operações em Apuí, cidade do interior do Amazonas que é a quinta mais afeta pelos incêndios neste ano, com 2.032 focos, uma alta de 145% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os militares e os integrantes das brigadas contra incêndios partiram no início da manhã desta quinta-feira Apuí a dentro para iniciar um novo dia de operações. No entanto, após avançarem algumas centenas de quilômetros, as equipes não encontraram nenhuma queimada. As intensas chuvas registradas nas últimas horas conseguiram apagar as chamas.

“Permaneceremos atentos para atender qualquer necessidade em todo o sul da Amazonas”, afirmou o coronel em entrevista à Agência Efe.

A participação das Forças Armadas no combate aos incêndios na Amazônia foi decretada por Bolsonaro no último dia 30 de agosto. O início da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi a resposta do governo à reação internacional ao aumento dos incêndios na floresta.

As imagens da Amazônia em chamas percorreram o planeta e aumentaram a pressão internacional sobre Bolsonaro, que desde a campanha apoia flexibilizar a fiscalização nas áreas protegidas e legalizar a mineração em reservas indígenas.

Além disso, os incêndios geraram uma crise diplomática entre Brasil e França, colocando, inclusive, o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul em risco. O presidente francês, Emmanuel Macron, acusou Bolsonaro de mentir quando disse a ele durante a cúpula do G7 que manteria o compromisso do Brasil com a proteção do meio ambiente.

O governo federal tenta agora reverter os danos causados à imagem do Brasil e para isso lançou hoje uma campanha internacional, coincidindo com o Dia da Amazônia, para ressaltar o papel do país na preservação da região.

 

Agência EFE