Clauder Arcanjo

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXLII)

o silêncio sem dono daquela velha folha — tombando na calçada. (Adriano Espínola, em “Outono”) O outono me chega, quando as folhas da minha alegria caem sobre o chão do meu silêncio. Cabisbaixo, passo então a vagar ao sabor do vento…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXLI)

Van Gogh Quero deixar-me longe. Separar-me de mim. Abandonar-me. Ser-me estranho. Parto, mas, onde chego, me reencontro. Despeço-me de novo e me acompanho. (Mauro Mota, em “O companheiro”) Deixando a mim, fico apenas com o que me ficou…

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXL)

Há uma margem do rio que os olhos não veem, que os braços não alcançam, que o silêncio é o único tributo para os que chegam a ele no barco remado pelo silêncio das águas inumeráveis, tangido pelo barqueiro das almas banidas e, hoje,…

Clauder Arcanjo – PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIX)

Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem, ouves o teu coração (as tuas palavras “o teu coração”)? (Manuel António Pina, em “Tanto silêncio”) Andaste surdo ao teu mundo? Sim, confessa!; há tempo não traduzes tuas dores, teus fantasmas, teus…

Clauder Arcanjo

O futuro é um punhado de cinzas que o vento semeia. (Francisco Carvalho, em “Futuro”) Tentei antecipar minha passagem final, afoito e agoniado; mas, ao chegar diante de Caronte, o óbolo que lhe levava era uma moeda de papel. Nele, os…

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (CXXXVII)

Clauder Arcanjo Somente abraçando o silêncio verás, no espelho do Amor, tua alma florir. (Kalliane Amorim, em Peregrina) Note que, do outro lado do muro, no canto escuro da noite, há alguém que vela pelo teu silêncio. Mas, saibas,…

Clauder Arcanjo: Pílulas do Silêncio (Parte CXXXVI)

Grava minha frase maior: estou sozinho com todas as companhias do mundo. (Hildeberto Barbosa Filho, em As palavras me escrevem) Noite não há que consiga habitar a solidão de um homem. É preciso a poesia para compor um verso que…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO

Águas de março Não há chuvas de março que lavem tanta omissão. Não há águas de março que arrastem tanta lama desta terra de promissão. *** Noto que, no horizonte limpo pela chuva da madrugada, há um arco-íris,…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIV)

Um cavalo na minha cama Acordo, suado e transtornado, no meio da madrugada. Acendo a luz e, antes de acordar de todo, dou com um cavalo na minha cama. Sem sela, sem bridão, sem cabresto; tão somente, com uma espécie de riso xucro…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIII)

Para enganar o negrume circundante O mundo e suas canções de timbre mais comovido estão calados, e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante é silêncio que faz eco e que volta a ser silêncio no negrume…