Cantor Belchior morre aos 70 anos – Fãs esperavam retomada da carreira há mais de uma década

Morreu neste domingo, 29, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, o cantor e compositor cearense, Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. A morte do cantor foi confirmada por familiares no fim da manhã mas a causa mortis não havia sido divulgada.

O corpo de Belchior, 70 anos, deverá ser levado ao Ceará ainda neste domingo para sepultamento em Sobral, sua cidade natal. Sua carreira que foi interrompida na era 2000 após uma longa briga judicial com um empresário, tirou o cantor dos palcos. O retorno era aguardado pelos fãs a mais de uma década.

O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou luto oficial de três dias no Estado e reconheceu a importância de Belchior para a música brasileira através de nota oficial emitida no início da tarde.

“Recebi com profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior. Nascido em Sobral, foi um ícone da Música Popular Brasileira e um dos primeiros cantores nordestinos de MPB a se destacar no País, com mais de 20 discos gravados. O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará. Que Deus conforte a família, amigos e fãs de Belchior. O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias. Camilo Santana – Governador do Ceará”

A última apresentação de Belchior em Mossoró ocorreu no ano de 2005 após um hiato de sete anos. O cantor se apresentou no palco do Teatro Dix-huit Rosado.

No repertório da apresentação constavam os grandes sucessos da sua carreira tais como “Paralelas”, “Divina comédia humana”, “Como nossos pais”, “Tudo outra vez”, “Mucuripe”, “A palo seco”, “Apenas um rapaz latino americano”, “Medo de avião” e tantas outras que viraram sucesso na sua voz de Belchior e de outros grandes nomes da música brasileira e nas vozes dos maiores intérpretes da Moderna Música Popular Brasileira, tais como Roberto Carlos, Elis Regina, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Fagner, Ednardo, Zé Ramalho, Jair Rodrigues, Engenheiros do Hawai, Jessé, Vanusa e tantos outros.

Belchior nasceu em Sobral, no Ceará, em 26 de outubro de 1946 e cedo passou a se dedicar à música, principalmente quando foi morar em Fortaleza, abandonando o curso de Medicina. Na capital, Belchior logo se ligou a um grupo de jovens artistas formado por Raimundo Fagner, Ednardo, Rodger, Téti e Cirino, além da cantora Amelinha, que ficaria conhecido como o “Pessoal do Ceará”.

No período de 1965 a 1970, Belchior participou de festivais de música no Nordeste e ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1971, ganhou o primeiro lugar do IV Festival Universitário de Música Popular Brasileira com sua composição “Na hora do almoço”, interpretada por Jorge Melo e Jorge Teles. Foi com essa música que o próprio Belchior iniciou sua carreira de cantor, lançado em compacto pelo selo Copacabana.

Com sua mudança para São Paulo, conheceu a cantora Elis Regina que daria projeção nacional ao cantor/compositor ao gravar o sucesso “Mucuripe” na parceria com Raimundo Fagner, em 1972. Sucesso bisado com a gravação do clássico “Como nossos pais” e “Velha roupa colorida”, gravadas por Elis Regina no antológico LP Falso Brilhante, de 1976.

Belchior gravou seu primeiro disco em selo Chantecler. Mas foi com o segundo LP, o Alucinação, que o cantor/compositor passou a ser conhecido nacionalmente passando a cumprir uma extensa agenda de shows por todo o país.

Sempre tendo São Paulo por base, o artista interrompeu sua agenda de shows anos após sua última apresentação em Mossoró após travar uma longa disputa judicial com um ex empresário.

A morte do cantor cearense põe fim a esperança dos fãs na retomada dos shows.