Brasil precisa dobrar serviços de medicina nuclear para atender à população

Doenças cardiovasculares e câncer — principalmente os de pulmão, mama, próstata e colo do útero — são responsáveis por quase metade de todas as mortes registradas na América Latina e no Caribe. Para prevenir e tratar esses problemas de saúde, a ciência confia nos serviços de medicina nuclear que, apesar de eficazes, ainda são uma realidade distante para parte da população.

“O número de pacientes que precisam de exames médicos (que fazem uso) de tecnologia nuclear está aumentando a cada ano, mas eles frequentemente não têm acesso”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, Claudio Tinoco Mesquita.

“No meu país, por exemplo, deveria haver pelo menos o dobro do número de centros de medicina nuclear para cobrir as necessidades gerais crescentes da população, desde departamentos, equipamento e profissionais treinados”, explica o especialista.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — que apoia o Brasil na expansão de seus serviços de saúde s considera a medicina nuclear uma área fundamental, ainda que pequena, do cuidado de saúde, pois drogas e técnicas diagnósticas que usam radiação, como as tomografias, podem salvar vidas.

“Diagnósticos precoces e precisos são críticos para o tratamento efetivo tanto de doenças cardiovasculares, quanto de câncer”, afirma a pesquisadora da agência da ONU, Diana Paez.

A especialista destaca, porém, que o acesso as serviços de medicina nuclear é frequentemente desigual e limitado, particularmente em áreas rurais. “Enquanto a saúde privada oferece normalmente mais serviços, muitas instalações públicas ficam para trás, e são esses os hospitais a que a maior parte das pessoas recorre.”

Agência da ONU capacita profissionais

Para reverte um cenário de escassez de serviços — que inclui a falta de equipamentos e profissionais qualificados — a níveis nacionais e regional, a AIEA tem oferecido capacitação presencial para clínicos da América Latina e Caribe. Neste ano, mais de 600 médicos devem participar de cursos de formação.

Outra iniciativa são as mais de 500 missões de especialistas que viajam pela região para conscientizar profissionais e gestores sobre as aplicações da medicina nuclear.

Por meio de treinamentos online sobre técnicas de diagnóstico na medicina nuclear, mais de 1,2 mil médicos foram treinados e mais de mil especialistas também participaram em seminários virtuais, conferências e outras atividades de educação continuada e pós-graduação.

Esses programas contaram com o apoio e, muitas vezes, com o patrocínio do organismo das Nações Unidas, que também subsidia a compra de equipamentos e busca facilitar a criação de parcerias entre institutos de medicina nacionais e regionais.

“Ajudar países a aprimorar seus serviços de medicina nuclear e a transferir tecnologias inovadoras para beneficiar pacientes são um importante aspecto dos nossos esforços de desenvolvimento na região”, afirma o diretor da Divisão da AIEA para América Latina e Caribe, Luis Carlos Longoria Gandara.

Fonte: ONU Brasil.