Brasil é o país da América Latina com mais jovens que não estudam e nem trabalham

De acordo com o relatório Fora da Escola e Fora do Trabalho: Risco e Oportunidades para os “Nem-Nem” da América Latina, elaborado pelo Banco Mundial, os chamados “nem-nem” latino-americanos, jovens de 15 a 24 anos que não estudam e nem trabalham já representam 20% da população na região. O Brasil apresenta a mesma média latina, mas, considerando o número absoluto de jovens, é o país com maior quantidade de “nem-nens”.

Atualmente, há mais de 20 milhões de jovens em tal classificação no continente. Porém, enquanto o percentual de nem-nem mulheres caiu na América Latina devido à maior inserção delas no mercado de trabalho, por outro lado, aumentou o percentual de jovens homens que não estudam e nem trabalham. Desde o ano de 1992, uma média de 1,8 milhão de rapazes latinos ingressaram no grupo dos “nem-nem”.

O estudo aponta que, entre as mulheres, o principal fator para se tornar uma nem-nem é o casamento antes dos 18 anos, somado à gravidez na adolescência. Já os homens tem a evasão escolar prematura como principal fator para a entrada no grupo, pois, explicam os pesquisadores, os jovens que saem cedo da escola têm dificuldades em manter o emprego e, dificilmente retornam às salas de aula depois de abandoná-las.

“Precisamos fornecer à nossa crescente população jovem a educação apropriada e habilidades laborais para ajudá-los a ter sucesso na vida. Os países que oferecem educação de alta qualidade a uma crescente população jovem, além de possuir mercados de trabalho dinâmicos e em bom funcionamento, irão crescer e reduzir a pobreza com maior rapidez”, afirmou o vice-presidente do Banco Mundial para a América e o Caribe, Jorge Familiar.

O relatório mostrou também que mais de 70% dos nem-nem vive na zona urbana e tem baixo nível educacional, o que exige políticas públicas de incentivo à permanência na escola. Quase 60% dos “nem-nem” da América Latina vêm de famílias pobres ou vulneráveis economicamente.

Uma preocupação a mais recai sobre o grupo dos “nem-nem-nem”, que, além de não estudar e não trabalhar, também não buscam emprego, situação possibilitada pelo aumento de renda das famílias mais pobres. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contava com 7,334 milhões de nem-nem-nem no ano de 2013, último período analisado pelo órgão.