Bloqueios do MST a BRs relembram 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou na manhã desta sexta-feira, 15 de abril, bloqueios nas BRs 101, 304 e 406 no Rio Grande do Norte. Os atos foram realizados em memória dos 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Em Mossoró, trecho no Km 24 da BR 304, na saída para Fortaleza, foi bloqueado por quase duas horas.

“Todos os anos, fazemos bloqueios de 10 minutos em BRs e estradas por todo o país para lembrar do Massacre de Eldorado dos Carajás, em 17 de abril de 1996, quando 19 camponeses foram mortos por policiais. Neste domingo, chegamos a 20 anos de impunidade, mas não vamos descansar até que os assassinos sejam punidos”, disse o integrante do MST Fernando Barbosa.

Outras barreiras foram montadas no Km 162 da BR-406, na entrada da comunidade de Massaranduba, no município de Ceará-Mirim; no Km 69 da BR-101, também em Ceará-Mirim; No Km 281, da BR-304, em Macaíba; Na BR-304, foi o Km 24, em Mossoró.

NOVOS BLOQUEIOS PODEM VOLTAR A OCORRER

Além de rememorar o Massacre, os manifestantes informam que os bloqueios também são uma retaliação à suspensão da abertura de novos assentamentos de Reforma Agrária no Brasil, imposta pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no dia 06 deste mês. Os integrantes do MST afirmam que continuarão alerta e que novos bloqueios podem voltar a ocorrer nos próximos dias.

“Não podemos aceitar este retrocesso. Depois de anos lutando pela liberação destas terras, o TCU suspende a Reforma Agrária sob o pretexto de irregularidades. Se há problemas, é de uma minoria dos cadastros e muitos são por culpa dos próprios órgãos reguladores que, por exemplo, demoram muito para retirar pessoas falecidas dos cadastros, mesmo sendo avisadas sobre os óbitos”, declara Fernando Barbosa.

O MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS

No próximo domingo, 17, o Massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Estado do Pará, completa 20 anos.

Na ocorrência, 1,5 mil sem-terra acampados na região protestavam contra a demora da demarcação e desapropriação de terras para a Reforma Agrária na rodovia PA-150. Em confronto contra os manifestantes, os policiais atiraram contra os sem-terra, matando 19 camponeses. Por causa do massacre, o dia 17 de abril foi declarado o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Ao todo, 155 policiais participaram da operação e os comandantes da ação contra os sem-terra, Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, foram condenados a mais de 150 anos de prisão e os demais policiais militares foram absolvidos dos homicídios.