Após ver o prefeito de São Paulo quebrando o ‘fique em casa’, dono de restaurante tradicional resolve abrir

Um dos mais tradicionais restaurantes de São Paulo, o Ponto Chic resolveu abrir seus salões ao público neste fim de semana, mesmo com a proibição do Governo de São Paulo na tentativa de conter o avanço da Covid-19.

Segundo Rodrigo Alves, propritetário da rede, a decisão se deu em “protesto contra a decisão equivocada de querer fechar o comércio da cidade de São Paulo em pleno verão.” Em uma rede social, o empresário escreveu que abriria as lojas “pela dignidade, pela vida, pelos empregos.”

Os quatro restaurantes da rede foram abertas por volta das 19h30 de sábado (30). Alves diz que tomou a decisão depois de ficar sabendo que o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), foi ao Maracanã ver a final da Copa Libertadores da América no mesmo fim de semana que a cidade precisou fechar seus comércios.

“Quando vi o prefeito ontem no jogo, isso me causou uma indignação tão grande e tão profunda que eu não tinha outra alternativa a não ser abrir. A gente sabe onde está o problema da pandemia. Sabemos que são os pancadões, são as festas, onde o estado não entra, não toma providências para resolver. Por que então fechar quem gera emprego?”, questiona.

Bruno Covas na final da Libertadores no Maracanã | Imagem: reprodução

As lojas funcionaram das 19h30 às 22h de sábado e abriram novamente neste domingo, às 12h.

Segundo Alves, a rede não demitiu os 110 funcionários que tem até agora, mas o faturamento no fim do ano passado não chegava a 70% do que havia sido no ano anterior.

“Usei os benefícios que podia [redução de salários], então minha equipe tem estabilidade de emprego por pelo menos seis meses. As parcelas do Pronampe [programa de apoio a micro e pequenas empresas] começam a vencer. O ICMS eu já cheguei no limite de parcelamento que o estado permite. A receita federal já notificou para regularizar os impostos, mas para parcelar esses impostos é preciso pagar 10% a vista. Então é a tempestade perfeita. E aí vêm mais restrições”, afirma.

“A gente não tem mais fôlego, não consegue mais, não é nada sustentável. Com a restrição, ficamos com almoço durante a semana, mas os escritórios estão fechados, e no fim de semana fica só o delivery. Quem acha que delivery consegue substituir, não conhece o setor.”

Perguntado sobre os riscos de manter restaurantes abertos em um momento de alta de casos, internações e mortes pela Covid-19, Alves afirma que esse aumento “é consequência do fim do ano, quando estávamos fechados”, diz, se referindo aos fins de semana de Natal e Ano-Novo, quando Doria determinou fechamento de comércios.

“Tem relação direta. Quando você fecha os restaurantes, você joga pessoas para situações muito mais inseguras”, afirma. Este é o problema de fechar a cidade no verão, diz Alves: “Isso só gera fluxo para a praia. Você vê num restaurante quantos protocolos temos que cumprir. Ao invés de estarem seguros, onde se cumpre o protocolo, você acaba gerando festa clandestina, encontros residenciais”, diz.

Todo o estado de São Paulo está na fase mais restrita da pandemia, onde comércios não-essenciais não podem funcionar, todos os dias úteis, das 20h às 6h do dia seguinte, e durante o dia todo nos finais de semana. A medida vale até 7 de fevereiro.

Só na capital paulista mais de 17 mil pessoas já morreram vítimas da Covid-19. A cidade enfrenta, desde novembro, uma alta de casos, internações e mortes, e atingiu neste mês de janeiro patamares próximos aos de agosto do ano passado.

FolhaPress

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