Aliado de Putin diz que ‘cada ultimato de Trump é passo em direção à guerra’ contra os EUA
Após Donald Trump reduzir o prazo para a Rússia terminar a guerra na Ucrânia sob risco de tarifas de 100%, o principal responsável pela segurança do Kremlin, Dmitry Medvedev, afirmou nesta segunda-feira (28) que “cada novo ultimato” do presidente americano é um “passo em direção à guerra” direta com os Estados Unidos.
“Trump está jogando o jogo do ultimato com a Rússia: 50 dias ou 10… ele deveria se lembrar de duas coisas: A Rússia não é Israel, muito menos o Irã; e cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com o próprio país dele. Não siga o caminho do sonolento Joe [Biden]!”, afirmou Medvedev em publicação na rede social X.
A fala de Medvedev ocorre horas após Trump reiterado sua “decepção” com Putin e anunciar que reduzirá para “10 a 12 dias” o prazo que havia dado ao governo russo para finalizar a guerra na Ucrânia. Inicialmente, quando anunciado em 14 de julho, o prazo era de 50 dias, o que daria à Rússia até os primeiros dias de setembro. Segundo Trump, o novo prazo será confirmado nesta noite ou na terça.
Vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Medvedev é aliado de Putin e um dos membros mais polêmicos do governo russo. Em maio, Medvedev mencionou diretamente o risco de uma Terceira Guerra Mundial após Trump dizer que o líder russo estaria “brincando com fogo”.
Há duas semanas, Trump ameaçou aplicar um pacote de “tarifas severas” de 100% à Rússia e seus parceiros comerciais caso o governo de Vladimir Putin não alcance um acordo de paz na Ucrânia em um prazo de até 50 dias. (Leia mais abaixo)
À época, a Rússia repudiou a fala e diversas autoridades de alto escalão se manifestaram sobre a ameaça de Trump. Um assessor de Putin chamou a fala de um “ultimato teatral”, enquanto o Kremlin disse que a fala foi “séria” e o governo russo “precisará de um tempo” para a analisar.
Com a fala, Trump reforçou a impressão de que Putin tenta o “enrolar”, apenas fingindo querer um cessar-fogo na Ucrânia, e busca aumentar a pressão sobre o líder russo pelo fim do conflito, que completou três anos em fevereiro. A Ucrânia felicitou a redução do prazo dado por Trump a Putin.
O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que não descarta uma reunião entre Putin e Trump na China em setembro, caso o presidente americano visite o país na mesma data que o líder russo. Putin planeja viajar à China para as comemorações do 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no início de setembro.