A Viagem de Robinson

Conheci o padre Vicente Neto, há alguns anos, em confraternização na praia do Tibau. Depois, alguns poucos encontros, em Fernando Pedrosa e em Santa Cruz, onde exerce as funções de Pároco e Reitor do Santuário de Santa Rita de Cássia. Observei que se tratava de um padre preocupado com os problemas sociais e, muitas vezes, não conseguia conter suas emoções trasvasadas nas redes sociais. Foi assim durante greve dos professores da UERN, quando cobrou a responsabilidade do Governo para a solução do impasse e, ontem, ao criticar a viagem do governador Robinson Faria à Colômbia.

O governador alardeou a visita que faria ao vizinho país sul-americano, apontando-o como modelo de combate à violência. Para acompanha-lo na visita, convidou representantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Poder Legislativo e Tribunal de Contas. O padre Vicente Neto ironizou a atitude de Robinson, afirmando que, “já que o governador vai à Colômbia conhecer o sistema de segurança, poderia ir também ao Japão conhecer as estradas e, na Alemanha, a saúde. ” Esse sentimento não está restrito ao pároco de Santa Cruz, que emitiu sua opinião pessoal, mas a toda população norte-rio-grandense.

Durante a campanha política, o então candidato, vice-governador Robinson Faria, defendia a implantação do modelo cearense para conter a violência no Rio Grande do Norte. Seu adversário, deputado Henrique Alves, denunciava que a segurança no estado vizinho estava pior que a existente no RN. O eleitor preferiu apostar no sonho. E, o resultado é o que acontece atualmente. Padre Vicente está certo ao dizer que não adianta viajar para angariar conhecimentos. Isso pode ser feito do próprio gabinete. Mesmo assim, o brasileiro costuma conceder crédito de confiança. Robinson terá que comprovar que ir à Colômbia valeu a pena.

Para se ter uma ideia de estradas europeias, viajava de Paris à Chambord ao lado de Ariosto Andrade, casado com a deputada federal Maria Helena (RR) quando ele pediu para que eu escrevesse alguma coisa em folha de papel. Intrigado, quis saber sua intenção e ele falou. Laíre, nem parece que estamos viajando. O asfalto é tão perfeito que você pode escrever como se estivesse com a folha de papel apoiada em alguma base fixa. Em relação à saúde, há vários países que garantem segurança ao cidadão que não precisa se preocupar com o bem-estar de sua família. O modelo do SUS é bom, mas não está preenchendo bem sua finalidade.