A POLÍTICA DE ANTIGAMENTE EM MOSSORÓ – Wilson Bezerra de Moura

Consta nos anais da história tanto a parte escrita como verbal, contada por gente que ainda sobrevive em especial à década de 60, que a política em Mossoró era bastante acirrada.

Às vezes, ou normalmente, não era só competição partidária. O jogo da competição era, mais das vezes, confrontos familiares. Por exemplo, nos lembramos da competição partidária deflagrada pelo audacioso político Aluízio Alves, candidato ao Governo do Estado, que durante sua fase parlamentar aprendeu as artimanhas do então sagaz governador Carlos Werneck, do Rio de Janeiro.

Como o candidato ao governo Aluízio Alves era um fluente orador, facilmente entusiasmou o povo do Rio Grande do Norte, pelas cidades por onde andou, chegando ao ponto de marcar a desunião entre as famílias por questões eminentemente políticas. Foi uma época em que se deram muitas separações de casais motivadas justamente por preferência de candidatos. Você era ou não aluizista de corpo e alma. Enquanto muitas vezes o dono da casa tinha outros compromissos políticos, a mulher se mandava nos comícios diuturnamente ouvindo a palavra convencedora e dramática do candidato Aluízio, que às vezes varava a noite. Era uma separação certa.

Era uma contenda na qual firmava-se uma questão de vida ou morte. O povo ia às ruas nas noites de comícios sem limite de terminar os arrojos entusiastas. Pulavam, dançavam, os cachaceiros aproveitavam a ocasião para encher a cara. Era uma festa do povo, verdadeiro carnaval animado por bandas musicais bem pagas, contratos acima do normal, quem financiava não se sabia.

A coligação Unidade Popular, liderada pelo candidato Lavoisier Maia ao Governo do Estado, combinou terminar o comício no Largo do Jumbo, e assim o fez, encerrando com todo povo cantando o hino nacional. Enquanto isso, a poucos metros de distância, a coligação Vontade do Povo, do candidato José Agripino, no espaço da Cobal, não obedeceu ao prazo de encerramento, só o fazendo por determinação judicial, autorizando inclusive a Cosern a desligar as luzes.

Pois bem. Naquele tempo qualquer que fosse a facção partidária dirigida por forças absolutamente dominantes, sua vontade e preferências, tanto na época do Aluizismo quanto nos Lavoisierismos da vida, ou dos Agripinos da sorte, tudo era decidido pela força do próprio poder. O fato é que a corrente era forte e destemida.