A necessidade da reconciliação

É comum ouvir-se alguém comentar que morre e não perdoa a ofensa recebida. Certamente não sabe do aprisionamento e males que está causando a si próprio com esse tipo de comportamento.
Para uma reflexão do leitor à cerca do assunto, vejamos considerações do Espírito Joanna de Angelis, publicadas no livro Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia profunda, obra psicografada pelo médium espírita Divaldo Franco.
Afirma Joanna que não raro, na raiz de muitas doenças mentais encontramos a presença de cobradores espirituais. Mesmo desprovidos do corpo físico permanecem em lamentável situação de vingança, em terrível transtorno mental, gerando tormentos psíquicos naqueles que os ofenderam e não tiveram tempo, nem oportunidade ou interesse para se reabilitarem. “Esses combates insanos arrastam-se por dezenas de anos a fio sem lhes ocorrer que, enquanto afligem se infelicitam, prolongando situação dolorosa sem qualquer beneficio pessoal”, esclarece.
É importante atentar que a morte do corpo físico não libera o Espírito das paixões nobres ou inferiores típicas da conduta natural. Ou seja, ninguém se transforma em anjo ou demônio simplesmente porque desencarnou. Ao contrário, tem o campo de experienciação ampliado, porque libertado dos limites impostos pelo corpo concede mais espaço para as ações que são compatíveis com o nível evolutivo. “Deus o permite como ensinamento para algozes e vítimas, que devem amar antes que se agredir, desculpar e conceder ensejo à reparação sem permitir o domínio da sombra que aturde e infelicita”, enfatiza Joanna, utilizando um conceito da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.
Mostrando Jesus-Homem como exemplo, Joanna comenta que Ele sempre enfrentou situações delicadas, procurando esclarecer o perseguidor e dignificar o perseguido, impondo a esse último a necessidade de conduta correta, a fim de que não lhe acontecesse nada pior. “O ódio aprisiona aquele que o mantém em relação a quem lhe padece a injunção penosa. Sendo recíproco, torna-se cadeia cruel para ambos”, esclarece a Benfeitora.
Recomenda Joanna ser necessário termos em mente sempre que toda situação embaraçosa e infeliz deve ser regularizada antes da ocorrência da morte física; a fim de que não sejam transferidos de plano os fenômenos da reparação e da paz. Jesus exemplificou sempre e incessantemente tal necessidade, perdoando mesmo aos mais cruéis adversários que O perseguiam. Deixava com as suas consciências o resultado das ciladas que os manteria na prisão terrestre até removerem de si as impurezas das atitudes adotadas.
Desse modo, cumpre a cada consciência a prática do perdão sem distinção, porque de outro modo, conforme informou o Mestre, “daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil”. Ou seja, reencarnaremos tantas vezes quantas forem necessárias até a quitação dos débitos e correção dos erros.