A menina que “lia almas” – Escritora aprimora técnica literária despertada aos 9 anos

Onde nascem nossos escritores? Qual a origem de quem cria, adapta, ou conta, histórias e estórias do nosso cotidiano? Em meio aos talentos que surgem com o desafio de renovar o segmento literário do Rio Grande do Norte, um nome ilustra o processo de renovação das expressões contemporâneas da literatura potiguar.

Trata-se da escritora micaelense Sidy Batalha. Inspirada na rotina da charmosa serra de São Miguel, a escritora prepara o lançamento do seu primeiro livro, intitulado “O Lago”, elaborado após a conquista de prêmios e reconhecimento, local, regional e nacional.

Ainda criança, Sidy vendia balas para ajudar na sobrevivência da família e em meio a uma venda ou outra, captava a alma e a essência das pessoas como fonte de inspiração para o aprimoramento da veia literária despertada intuitivamente nas ruas da cidade serrana.

“Minha família sempre foi muito pobre. Então quando criança eu trabalhava vendendo bala pra ajudar meus pais, e para ter o que comer no fim do dia. O que me ajudava nesta época era minha imaginação. Eu observava as pessoas e imaginava mil histórias sobre elas. depois escrevia”, destaca Sidy Batalha.

Como forma de facilitar a composição das suas estórias, a menina serrana utilizava uma técnica própria para formatar seus trabalhos, que cedo começaram a despertar a atenção de técnicos e críticos do segmento.

“Criava as estórias em forma de desenho, antes mesmo de escrever. Aos treze anos de idade ganhei o meu primeiro prêmio com a escrita, um concurso da cidade, cujo o tema era o dia internacional da mulher”, destaca.

Era apenas o início de uma trajetória marcada pelo aprimoramento técnico, reconhecimento da crítica, e pela ocupação gradual de espaços em publicações especializadas no Rio Grande do Norte, estados do Centro/Sul e até mesmo de outros países.

“Escrevo sobre as pessoas e seus sentimentos. Sobre o céu triste e o céu alegre. Escrevo sobre a vida e a morte. Sobre o amor e o ódio, a tristeza e a alegria, a solidão e o (re)encontro. Eu escrevo sobre tudo o que tocou a minha alma, e principalmente sobre todos que a tocaram”, conclui.

 

– Escritora prepara lançamento do primeiro livro

O sobrenome de Sidy Batalha coincidentemente se transformou em marca para sua trajetória de vida. Estimulada pelo pai, ainda criança, voltou suas atenções para a educação, como forma de superar as dificuldades e dar um rumo ao futuro.

“Meu pai, com inteligência, caráter, e muito trabalho, tirou a gente do fundo do poço. Ele sempre me dizia que só o estudo me faria ser alguém na vida. Daí, estudei a vida toda, sem parar” relata a escritora, que é graduada em Língua Portuguesa e cursa mestrado em Letras/Literatura.

Após unir inspiração literária e técnica acadêmica, Sidy Batalha começou a ocupar espaços  e vislumbrar novos horizontes.

“Em 2011 concorri na categoria conto no primeiro concurso assuense de literatura e fiquei em segundo lugar com o conto “O Cientista”. Daí por diante, meus poemas e versos começaram a ser publicados em páginas de poesias de São Paulo e Belo Horizonte. Em 2012, ganhei mais uma seleção e sai na primeira edição impressa da Revista Cruviana, em Mossoró.

A primeira experiência internacional se deu em 2014 com a publicação de poemas num projeto que englobou escritores de nove países.

Em 2014 fiz parte do livro “O Melhor de Mim – Poesias Escolhidas Vol II”, um projeto que engloba escritores do Brasil, França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai, México, Áustria, e Galiza. Um ideal que teve início com a Libertária e foi abraçado pela editora Poesias Escolhidas.

Amadurecida, a jovem escritora de 24 anos encaminha os últimos detalhes para o lançamento do romance “O Lago” que será apresentado no primeiro semestre de 2016. O romance tem como cenário uma cidade fictícia inspirada no município de São Miguel e uma temática que não se limita a fantasia.

“É um sonho de infância. Um presente para minha cidade de origem. Começou como um conto e foi transformado num romance. Trato nele algo importante e que se deve ser debatido na sociedade, a agressão contra a mulher”, conclui a escritora.

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