A difícil situação do governo

O PMDB vinha se preparando para abandonar o governo. A perspectiva do seu presidente, vice-presidente da República Michel Temer, substituir a presidente Dilma é real e isso atiça o apetite político do partido. No início do segundo mandato, Temer divulgou nota mostrando a difícil convivência com Dilma Rousseff. Duas frentes se armaram contra ela, o julgamento no TSE por conta de irregularidades na prestação de contas eleitorais e um pedido de impeachment no Congresso, que tem movimentado parlamentares de situação e de oposição. O tempo está contra o governo que, nos últimos dias, tem recebido golpes que enfraquecem sua estrutura política.

No caso de Dilma ter seu mandato cassado por decisão do TSE, o vice-presidente Temer também será arrastado pela decisão. Por isso é que foi iniciada aproximação do PMDB, partido que quase sempre está no Poder, com as legendas oposicionistas. No caso de o afastamento ocorrer até o final de dezembro, por impeachment, Temer assumirá a Presidência. Contudo, o fato da presidente ser afastada pelos deputados e senadores não significa dizer que o processo do TSE será arquivado, continuando a possibilidade de Temer, assumindo a presidência, ser afastado mais adiante, por decisão da justiça.

Tem aumentado a pressão para que Temer agilize a decisão pelo rompimento. Ele tem sido cuidado, pois enfrenta oposição dentro da própria legenda. Por isso é que visitou praticamente todas as capitais brasileiras, conversando com os diretórios e fortalecendo sua posição como presidente. Recentemente, teve que enfrentar resultados contrários ao seu desejo, na escolha do líder do PMDB na Câmara dos Deputados e na oposição declarada do presidente do Senado, Renan Calheiros. Afastou-se politicamente da presidente Dilma para facilitar a aproximação com os insatisfeitos, sendo ajudado pela inabilidade da presidente que facilitou o afastamento. Bom para Temer que teve facilitada sua reaproximação com Renan Calheiros.

Ontem, Lula e Dilma foram apanhados de surpresa. O MP de São Paulo pediu a prisão do ex-presidente e um ministro do TCU para que Dilma fosse incluída em processo de Pasadena, após a delação do senador Delcídio. No próximo sábado, o PMDB realizará sua convenção nacional. O rompimento oficial do partido com o governo do PT é tido como certo. Temer avalia que a situação da presidente é muito difícil e não terá como evitar que os convencionais peçam o afastamento imediato do governo. As seções estaduais do PMDB no PR, SC e RS já aprovaram documento nesse sentido. Na mesma linha estão os diretórios do AC, BA, MS e PE. Será um final de semana negro para os dirigentes petistas.