OPERAÇÂO ANARRIÊ – Gustavo Rosado afirma que MP está cumprindo com papel de apurar denúncia

Principal alvo da Operação Anarriê, deflagrada na última semana com o objetivo de investigar suposto desvio de recursos do Mossoró Cidade Junina, o ex-secretário de Cultura de Mossoró, Gustavo Rosado reuniu a imprensa na tarde desta terça-feira para entrevista coletiva destinada a esclarecer os principais pontos apresentados pela peça de investigação do Ministério Público composta por 56 páginas.

Gustavo negou que tenha participado de esquema para desvio de recursos públicos e após apresentar suas impressões sobre a ação, e externar respeito ao Ministério Público, reconheceu que diante da apresentação da denúncia, os promotores cumpriram com sua missão de ofício.

“Ao assumir um cargo público qualquer pessoa está sujeita a uma situação como esta. Fiquei a frente da Secretaria de Cultura um ano e sete meses. O Ministério Público está na função dele. Recebeu uma denúncia e precisa apurar”, destaca Gustavo.

Gustavo concentrou os esclarecimentos nos pontos básicos apresentados na peça de investigação. Iniciou falando sobre os aditivos encaminhados nas edições do MCJ de 2013 e 2014, principal objeto de suspeita da investigação.

Segundo Gustavo o aditivo de 2013 se deu devido o surgimento da oportunidade de incluir o MCJ na programação do São João do Nordeste, da Rede Globo de Televisão. Para incluir Mossoró na programação, o evento teve que contratar a cantora Paula Fernandes, ampliando o custo do evento e exigindo a necessidade do aditivo.

A mesma necessidade se repetiu em 2014 quando a prefeitura decidiu contatar o cantor Gabriel Diniz para animar a noite de São João, que não constava na programação oficial do MCJ. “A noite de São João coincidiu com uma terça-feira. As pessoas reclamaram que não tinha programação e resolvemos fazer”, destaca Gustavo.

Para o ex-secretário, o fato de manter contatos com o empresário Tácio Gondim sobre estes detalhes era algo necessário e normal, procedimento feito dentro do que a lei mandava.

“Este aditivo só pode ser feito a partir de um entendimento entre as partes, o contratante e o contratado. Alguns áudios que o Ministério Público apresentou onde eu discuto com Tácio Garcia sobre a necessidade desse aditivo eu estou fazendo o que a lei recomenda. Estranho seria fazer um aditivo sem consultar a empresa contratada”, reforça.

O ex-secretário esclareceu sobre a contestação dos valores praticados em Mossoró serem diferentes dos praticados em outros municípios, como Carauarú. Segundo Gustavo, a composição de preços de uma atração é influenciada por muitas variantes que tornam o custo distinto.

O ex-secretário afirma que as atrações as vezes baixam o preço para Caruarú  em função do evento de lá se mostrar como uma “vitrine” maior. “As bandas tem um interesse maior de se apresentarem lá por ser considerado o maior São João”, reforça.

Gustavo apresentou uma lista de fatores que geram variação no custo final da atração como forma de justificar a distinção de valores. “Os empresários das bandas podem dar esta informação. Isso varia de artista para artistas”, reforça.

Gustavo Rosado nega que tenha interferido nas investigações do Ministério Público, fato que teria deflagrado a Operação Anarriê. O ex-secretário disse que foi notificado para prestar depoimento e que soube que outras pessoas haviam sido convocadas.

“Tive curiosidade em saber o que estava acontecendo. Prestei todos os esclarecimentos que me pediram e continuarei a disposição para esclarecer o que for necessário”, reforça.

Gustavo Fernandes destacou que tinha optado por convocar a entrevista coletiva como forma de dar satisfação a sociedade e apresentar esclarecimentos públicos a peça de investigação, e que a partir de agora, dedicará seu tempo para elaborar sua defesa e que só voltará a se pronunciar com o fim do procedimento.

“Gostaria de pedir a vocês que entendam que não há interessem em bater de frente com o Ministério Público. Caso surjam novos elementos a partir da investigação do Ministério Público não vamos rebater. Vamos preparar a defesa e espera o fim do procedimento e esperar que ao fim tudo seja esclarecido da melhor forma possível”, conclui Gustavo.