NOSSOS POETAS – Genildo Costa

Genildo Costa Silva, é natural de Grossos (RN). Músico e poeta, é graduado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Publicou as obras literárias: “Cotidiano em Dois Tempos” (1996) e a “Saga da Poesia Sobrevivente” (2010) reunindo trabalhos de várias gerações de poetas da sua família. Nos anos 80, participou em Mossoró do Festival de Compositores Populares, se classificando com a música “Aspiração da América”, de sua própria autoria. Em 2000, destacou-se com a música “Minha Casa”, parceria com Marcos Ferreira, obtendo a terceira colocação no primeiro Festival da Canção da Cidade do Natal. Neste mesmo ano, lançou o CD, “Cores e Caminhos”, prestigiando a obra de poetas potiguares, marcando a sua estreia na discografia norte-rio-grandense. Em 2003, participou da trilha sonora do filme “Caldeirão do Diabo”, cuja produção foi gravada no Presídio João Chaves, em Natal, com as músicas “Anonimato”, parceria com Gonzaga de Areias e “Cores e Caminhos”, parceria com Marcos Ferreira. Pelos microfones da Rádio Rural de Mossoró, apresentou o programa “Cultura dos Monxorós”, idealizado pelo poeta e jornalista Crispiniano Neto, presidente da Fundação José Augusto (FJA). Coordenou os projetos culturais “Canto Potiguar” e “Esquina do Saber”, foi secretário de cultura de Grossos em duas oportunidades e é sócio-fundador da POEMA – Poetas e Prosadores de Mossoró.

O MEDO de SER POETA

Não quero ser o poeta que cala.
Silencia.
Expõe – se ao ridículo.

Não quero ser poeta,
Não insisto
Porque rio de mim a conta – gotas.

Não poetiso
Porque o verso em carne viva
Transcende os limites
Do poema suicida.

Quem sabe, talvez,
No penúltimo verso
Da última estrofe
Esteja expresso
Em letreiros azuis garrafais:
O medo de ser poeta.

PELO AVESSO da HISTÓRIA

Não conheço esta fera que agoniza
Todo verde existente dessa mata.
Mata virgem onde cantou passarada,
Anunciando invernada no sertão.

Os abalos da própria evolução,
Reverteram todo quadro com certeza
Abolindo as leis da natureza
Fez brotar reboliço e assombração.

Com a chegada da industrialização
Acelera – se o ritmo da pobreza
O operário é sinônimo da fraqueza
Como engrenagem de toda produção.

Este conjunto de forças produtivas,
Que conduz o progresso social
Intensifica o próprio capital
Que aniquila, que mata e que devora.
Só a luta de classes determina
O avesso do avesso da história.

NÁUFRAGO
Ao amigo Jairo Josino, Dedico

Distantes o mar,
Os corais, a nau perdida.

Cá perto, os recifes,
O temporal da insensatez
Desse mar bravio.

Tétrico, reticente,
O sol posto parece
Desmaiar
Na candura de tantos arrebóis.
E eu silencio, refaço
Inquieta solidão.

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