Tuberculose é problema de saúde nas Américas; incidência é alta nos presídios brasileiros

As Américas reduziram consideravelmente o número de novos casos e de mortes por tuberculose nos últimos 25 anos. No entanto, estima-se que quase 270 mil pessoas tenham contraído a doença em 2015 e quase 50 mil não sabem que estão doentes. Nos presídios brasileiros, a incidência da doença entre detentos é muito maior quando comparada à população em geral.

No marco do Dia Mundial da Tuberculose, 24 de março, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) convoca todos a trabalharem juntos para pôr fim à doença e não deixar ninguém para trás.

As Américas reduziram consideravelmente o número de novos casos e de mortes por tuberculose nos últimos 25 anos. No entanto, estima-se que quase 270 mil pessoas contraíram a doença em 2015 e quase 50 mil não sabem que estão doentes. Nos presídios brasileiros, a incidência da doença entre detentos é muito maior quando comparada à população em geral.

“A tuberculose é um problema de saúde associado à pobreza e às más condições de vida que, somadas às dificuldades de acesso aos serviços de saúde, precisa ser abordado por toda a sociedade”, afirmou o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análise de Saúde da OPAS/OMS, Marcos Espinal.

As populações em maior risco nas Américas são as pessoas que vivem com HIV, pessoas em situação de rua, moradores de bairros marginalizados, pessoas privadas de liberdade e com problemas de dependência de substâncias — grupos que geralmente têm acesso limitado à atenção de saúde e, quando a tem, nem sempre são diagnosticados oportunamente.

Neste ano, o tema da campanha da OPAS/OMS é “Não deixar ninguém para trás. Unidos para pôr fim à tuberculose”. O objetivo é promover o acesso a uma atenção à saúde de qualidade, algo que mais de um terço das pessoas com tuberculose no mundo precisam.

A campanha também pretende promover uma ação multissetorial para prevenir novos casos por meio da luta contra a pobreza, um dos determinantes para a doença; melhorar o diagnóstico, tratamento e cura; promover a pesquisa e a inovação; e acabar com o estigma e a discriminação, que podem ser barreiras no acesso aos cuidados.

Acabar com a tuberculose é possível

As Américas têm a menor porcentagem (2,6% do total) de novos casos de tuberculose no mundo, em comparação com 61% na Ásia e 26% na África. A maior carga da doença (88%) está concentrada em dez países da região. Os novos casos de tuberculose vêm diminuindo 1,8% ao ano e mortes, 2,9%, graças às medidas tomadas pelos países da região, alinhadas à Estratégia Mundial da OMS e ao Plano de Ação de Prevenção e Controle da Tuberculose da OPAS.

No entanto, é necessário acelerar o passo para acabar com a doença em 2030, nova meta relacionada à saúde incluída nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Acabar com a tuberculose é possível”, disse a assessora regional da OPAS/OMS sobre tuberculose, Mirtha Del Granado, que também recomendou esforços centrados nos grupos de maior risco, abordando os fatores sociais que influenciam na saúde da população, além de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento de qualidade para todoas as pessoas que necessitam.

Novos desafios

Embora seja uma doença curável e evitável, estima-se que a tuberculose tenha sido responsável por 25 mil mortes nas Américas em 2015.

Pessoas imunossuprimidas, tais como aquelas com HIV, desnutrição ou diabetes, e os consumidores de tabaco, entre outros, estão em um risco muito maior de doenças. Trinta e duas mil pessoas com HIV desenvolveram tuberculose em 2015 na região.

Entre os novos desafios para a luta contra a doença está a resistência aos medicamentos. Em 2015, houve estimados 7,7 mil casos de tuberculose multidroga resistente nas Américas — 59% diagnosticados. Desses pacientes, apenas 74,8% recebem um tratamento eficaz.

ONU/BR