Tsunami Eleitoral

Dia 03 de setembro, o então candidato a deputado federal pelo RN, o cearense Eliéser Girão, general da reserva do Exército Brasileiro, foi à uma rede social e escreveu: “em campanha nos deparamos com o Brasil de verdade. O Brasil que hoje tem seus legítimos representantes eleitos. A cada dez pessoas, cinco pedem dinheiro em troca de voto. Não dá pra fazer campanha e ficar dando voz de prisão ao mesmo tempo. Esse País precisa ser refundado.” O general findou eleito com 81.640 votos.

Um tsunami eleitoral varreu muitos nomes pelo Brasil, ao mesmo tempo que colocou tantos outros outrora desconhecidos na crista da onda. Varreu também a credibilidade das pesquisas eleitorais, já que em muitos lugares as pesquisas ficaram longe dos resultados, caso mais gritantes foram em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, onde os primeiros colocados nas pesquisas sequer foram eleitos ou passaram ao segundo turno.

Esse tsunami tem nome: Jair Bolsonaro. Endeusado pelos seguidores e deputado há 28 anos, ele soube como ninguém capitalizar o sentimento anti-PT já existente no nosso País depois de tantos anos de desgaste por acusações de corrupção e da ampla cobertura dos grandes veículos de comunicação.

Os concorrentes ao Planalto erraram feio no alvo. Todos miraram em Bolsonaro, quando Bolsonaro mirou no PT. Resultado? Bolsonaro cresceu e os outros definharam. O sentimento de aversão ao Partido dos Trabalhadores fez muita gente votar no deputado carioca já no primeiro turno para evitar uma possível vitória de Fernando Haddad no segundo turno.

O general Girão, que foi candidato a cargo eletivo pela primeira vez, foi um dos tantos que se elegeram no rastro de Bolsonaro. Foram muitos nomes pouco conhecidos ou completamente desconhecidos até então que dispararam e ganharam as eleições. A propósito, Mossoró foi uma das poucas cidades de médio porte do Nordeste onde Bolsonaro venceu no primeiro turno. Aqui, Haddad ficou em terceiro, atrás de Ciro Gomes, mas Fátima Bezerra, candidata do PT ao Governo do Estado, levou a melhor, dando a entender que eleitor de Bolsonaro pode ser eleitor de Fátima.

Voltando à declaração do deputado general Girão e observando-se os eleitos, percebe-se que foi eleito gente da Esquerda e da Direita. No Centro, só quem teve mais condições e estrutura para enfrentar o embate conseguiu sagrar-se vitorioso nas urnas.

É um novo momento? As pessoas venderam menos os votos? Venderão menos? Isso não temos como saber ainda. Os novos eleitos vão se comportar nos mandatos de forma diferente? Só o tempo dirá. Estamos em um momento de ruptura com nomes e costumes? Ou apenas fadigados com os nomes que já estão aí? Afinal, mudar nomes não significa mudar práticas.  Se os Sarney foram derrotados no Maranhão, uma nova oligarquia surgiu no Sudeste: Jair Bolsonaro viu eleitos filhos como o deputado mais votado em SP e outro senador pelo RJ, já tendo um filho vereador no RJ.

Pesquisas divulgadas já no segundo turno indicam uma ampla vantagem de Bolsonaro sobre Haddad. Se confirmada a vitória, o eleitor terá dado uma guinada brusca à direita. Se teremos um tsunami nas práticas políticas em todos os níveis e a retomada do crescimento, aí são outros quinhentos.