Thadeu de Sousa Brandão – Estratégias de Enfrentamento da Criminalidade na UFERSA

Thadeu de Sousa Brandão

Durante a campanha para a reitoria da UFERSA, no início deste 2016, realizei uma série de propostas acerca da questão da segurança interna da Universidade. Enfatizei que vivemos num momento histórico-social em que a violência e a criminalidade tomam conta da sociedade brasileira, atingindo níveis alarmantes, e na medida em que fatores geradores de criminalidade como o tráfico de drogas e outras modalidades de violações de normas e direitos se imiscuem em todos os meandros de nossos espaços urbanos, a universidade brasileira, pública, gratuita e de qualidade não pode se furtar de sua responsabilidade.
Afinal, recebedora de nossa juventude, que sob a confiança de seus pais e familiares, adentram os umbrais da universidade a fim de se educarem em uma profissão e para a vida, a academia assume a integral responsabilidade sobre a vida e a integridade física desses estudantes. Espaço privilegiado do saber, tanto de sua construção como de sua reprodução, a universidade não pode permitir que a criminalidade e a violência permeiem seus espaços.

A ocorrência de vários sinistros no espaço da UFERSA, ao longo dos últimos anos, apontou a necessidade de se construir uma estratégia integrada, racional, democrático e inclusivo de segurança em seus espaços. Uma forma capaz de dar conta dos problemas da área que, ao mesmo tempo, proteja o patrimônio e a integridade da comunidade acadêmica ufersiana, respeitando seus direitos em toda a sua plenitude.
Nesta perspectiva, diante da necessidade de se construir um modelo de segurança institucional pautado em valores democráticos, participativos e inclusivos, torna-se premente a construção de uma coordenação que congregue, sob sua responsabilidade, o sistema de segurança patrimonial e geral da UFERSA. Não se trata de se construir um modelo “policialesco” ou mesmo “repressivo” que tanto se condena e tanto se quer distanciamento. Ao contrário, um modelo de segurança pública universitário deve respeitar integralmente a diversidade, a pluralidade, a inclusão e o bem-estar de todos e todas.
Tal coordenação, diretamente ligada à Reitoria e respondendo ao Reitor da UFERSA, teria a incumbência de dirigir a guarda patrimonial da UFERSA (privada e terceirizada), assim como apontar as estratégias de segurança interna tanto do dia-a-dia da instituição como também em momentos extracotidianos (eventos em geral). Também essa coordenação, se responsabilizaria em reproduzir junto à guarda patrimonial (através de cursos e treinamento integrado e continuado) os valores necessários ao trato humanizado, democrático e inclusivo, respeitando a diversidade religiosa, étnica e sexual, assim como priorizando o Estado de Direito e os Direitos Fundamentais de todos e todas.

Na terça-feira (31/05), em reunião com o Reitor Arimatea Mattos e demais pró-reitores, sugeri a consecução desta tarefa. Minha sugestão é que se construa conjuntamente um “Conselho de Segurança Interna” e uma “Coordenação de Segurança Interna” da UFERSA, em caráter institucional, com responsabilidade de coordenar e dirigir, respondendo diretamente ao Magnífico Reitor da mesma, as ações de segurança patrimonial e institucional da Universidade Federal Rural do Semi-Àrido. Uma gestão democrática e transparente como a atual, preocupada com os valores do Estado de Direito, encontrará as soluções cabíveis para a solução dos problemas hoje enfrentados.

O que posso oferecer é minha inteira cooperação à esta Universidade que é, também, uma parte de minha identidade como docente e intelectual.

Thadeu de Sousa Brandão

Sociólogo, Mestre e Doutor em Ciências Sociais (UFRN). Membro Efetivo do Programa de Pós-Graduação em Cognição, Tecnologia e Instituições – PPGCTI e Professor do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais – DACS da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. Co-Apresentador do Programa Observador Político na TV Mossoró e FM Resistência (93FM). Membro da Câmara Técnica de CVLIS da SESED. Autor de “Atrás das Grades: habitus e redes sociais no sistema prisional”, entre outros.