Thadeu Brandão – Escrita como Liberdade

Schopenhauer, meu grande guia para a vida, alertava que a arte poderia nos livrar das agruras da realidade inexorável. Eu acrescento que além dela, a ciência como vocação está mais próxima da arte do século XIX enquanto espaço de liberdade. Mas, só a “ciência como vocação” (Max Weber) e não aquela encomendada pelo mercado. Pesquiso o que me instiga e não o que a demanda do produtivismo exige.
As pessoas, em sua amplíssima maioria, mal lêem textos curtos, sendo os grandes considerados prolixos e apontados para a latrina virtual. Livros? Pior ainda, no máximo se “tiver boas mensagens” (Apocalipse, imagine aí…) ou for curtinho e medíocre. Poesia? Isso mal se lê nesta hodiernidade flexível e rápida.
No fim das contas, a reflexão necessária é deixada de lado (mas, não desaparece em si),  e os poucos que nela insistem, precisam ter a consciência de que a escrita deve servir à “victa activa” (Hannah Arendt) e ao espaço público. Longe do sofismo e mais próxima da capacidade de romper com o mundo administrado que nos rodeia.
Deste modo, escrever (mesmo textos mais curtos, pois assim atinjo público um pouquinho maior, me explicam pacientemente os editores) é para mim um caráter de arte e de libertação. Fecho, com o meu mais amado poeta (e grande cachaceiro solitário):
“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto” (Fernando Pessoa).