Solução está na política

A França elegeu há alguns meses Emmanuel Macron, 39 anos de idade, casado com uma mulher de 64 anos, por quem se apaixonou ainda aos 15 anos, que fundou um novo partido há pouco mais de um ano. O mais jovem presidente de toda a história francesa derrotou o establishment político pregando renovação.

Os franceses já chegaram ao extremo de decapitar um rei e uma rainha, Luís XVI e Maria Antonieta, por estarem revoltados com a situação daquele momento. Desta vez, Macron conseguiu a “revolução democrática”, onde suas armas foram ideias, discursos, redes sociais. Pouco depois de eleito, outra vitória incontestável: o recém formado partido elegeu 350 das 577 cadeiras no Legislativo.

No Brasil já aconteceram algumas das mudanças que Macron defende agora para a França. Um dos exemplos é a condenação de gente poderosa na Operação Lava-Jato e em tantas outras, mas as mudanças precisam ser mais profundas. Ainda há castas na sociedade brasileira, vide aqueles servidores públicos do Judiciário, Ministério Público, Executivo e Legislativo que recebem salários e vantagens milionárias sem serem questionados.

Sobre a mudança no sistema político, é óbvio e ululante que não avançaremos enquanto eleitor vender e candidato comprar voto, enquanto candidatos milionários estiverem aí para comprar a opinião de alguns setores da imprensa ou empresas decidirem eleições através de Caixa 2 eleitoral. A sociedade não pode achar que está descolada da política. É ela que elege os políticos que estão em nossas cidades, estados e em Brasília.

A solução não está na volta do regime militar, quando sequer havia liberdade para criticar o que não concordássemos, ou em levar membros do Judiciário ou Ministério Público para o comando dos poderes executivos e legislativos do País.

É importante estar de olho nos que se dizem anti-política. Não há solução para a crise política que não esteja dentro da própria política. Em São Paulo, João Dória elegeu-se prometendo muita novidade. Passados quase sete meses de gestão, muita coisa não saiu do papel. Dos mais de R$ 600 milhões que disse ter conseguido em doações de empresas e pessoas físicas, apenas 3,6% foram concretizadas. Essas e outras coisas fazem sua aprovação, que ainda é considerada boa, estar em 41% de Bom e Ótimo em junho ante 44% em fevereiro e a desaprovação subir de 13% para 22%.

Em Mossoró tivemos uma experiência que nos fez regredir alguns anos. Um prefeito que elegeu-se na esteira de declarações de membros do judiciário, dando-lhe quase que a condição de candidato único, prometeu muita coisa boa com palavras fáceis e o que vimos foi a pior gestão da história da cidade. E isso foi constatado através de pesquisas de opinião.

Ainda hoje há, aqui e alhures, aqueles que dizem ser “diferentes”, que não são “políticos profissionais”, mas que se utilizam de estratégias que nem os “profissionais” são capazes, como matérial apócrifo para atacar adversários, compra de profissionais da imprensa para endeusar-lhes a vida e criticar quem ouse discordar. Seduzem mais pelo dinheiro do que por propostas e projetos para as cidades, estados e País.

Se na França e em São Paulo vai dar certo, só o tempo dirá. A experiência em Mossoró não foi boa. Isso não quer dizer que o neófito esteja certo e aquele político experiente errado ou vice-versa. Não é isso que define a competência, índole e caráter. O mais importante é não cair no conto carochinha e saber escolher certo seus representantes.