Sobrepeso pode estar ligado a mais tipos de câncer

Relatório do programa de prevenção da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS), concluiu que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para mais tipos de câncer do que se imaginava anteriormente.

Um grupo de trabalho de 21 especialistas internacionais reunidos pela IARC avaliou mais de 1 mil estudos sobre o tema e confirmou pesquisas anteriores segundo as quais a ausência de excesso de gordura corporal reduz o risco de câncer de cólon e reto, esôfago, rim, mama (em mulheres após a menopausa), endométrio e útero.

Segundo o grupo de trabalho, há “evidências suficientes” de que pessoas magras têm menos risco de câncer de fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, tireoide e mieloma, entre outros, de acordo com o estudo divulgado na quinta-feira (25).

Os especialistas reunidos pela IARC também apontaram “evidências limitadas” de que a falta de gordura corporal em excesso reduza o risco de câncer fatal de próstata, de mama em homens e linfoma difuso de grandes células B.

Segundo a principal autora do artigo, Béatrice Lauby-Secretan, a “avaliação abrangente reforça os benefícios de manter um peso saudável para reduzir o risco de diferentes tipos de câncer”.

O grupo de trabalho também analisou dados relacionados à gordura corporal em crianças, adolescentes e jovens adultos, com idade até 25 anos. O objetivo era avaliar se a obesidade no início da vida estaria ligada ao câncer na vida adulta.

Para diversos tipos da doença, incluindo de cólon e fígado, foram observadas associações entre excesso de peso e câncer semelhantes aos registrados em adultos.

De acordo com os especialistas, é reconhecido que o sobrepeso em animais usados em experimentos aumenta a incidência de diversos tipos de câncer. Estudos nesses animais mostraram que restrições calóricas ou alimentares reduzem o risco de câncer na glândula mamária e pituitária, cólon, fígado, pâncreas e pele.

A gordura corporal é avaliada principalmente pelo índice de massa corporal, definida pelo peso de uma pessoa em quilos divido pelo quadrado da altura. Em adultos, o sobrepeso é definido pelo índice igual ou maior a 25 e obesidade igual ou maior a 30.

Em todo o mundo, cerca de 640 milhões de adultos eram obesos em 2014, um aumento de seis vezes deste 1975, e 110 milhões de crianças e adolescentes eram obesas em 2013, o dobro desde 1980.

Estimativas de 2014 apontam que 10,8% dos homens, 14,9% das mulheres e 5% das crianças sofriam de obesidade. Em todo o mundo, mais pessoas estão nessa situação do que abaixo do peso.

Segundo a IARC, estima-se que em 2013 em torno de 4,5 milhões de mortes estariam ligadas ao sobrepeso ou à obesidade. O órgão ressaltou que a identificação de novos tipos de câncer relacionados ao excesso de peso deve aumentar o número de mortes atribuídas à obesidade.

No Brasil, o Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos (PMA), alertou recentemente que o sobrepeso em adultos chegou a um patamar de 54% atualmente, enquanto a obesidade está em 20%, com tendência de crescimento.

Para o diretor da IARC, Christopher Wild, as novas evidências “enfatizam o quão importante” é encontrar formas eficazes, tanto individualmente como pelas sociedades, de implementar as recomendações da OMS sobre a melhora de padrões alimentares e de atividade física para combater “o fardo do câncer e outras doenças crônicas”.

O resumo dos resultados da avaliação foi divulgado pelo New England Journal of Medicine, publicação científica da área de medicina.

Fonte: ONU Brasil.