Sinal dos tempos – Wilson Bezerra de Moura

Formalizamos a ideia de que os tempos são outros, não mais aqueles quando dominavam os valores morais. A família convenientemente organizada, os pais ensinavam os filhos comportamentos que eles podiam aplicar na sociedade quando tivessem nessa convivência solidaria, na escola, no trabalho ou em qualquer lugar em que houvesse a participação social.

A sociedade moderna, surgida com o desenvolvimento da indústria e do comércio, trouxe isto sim, novos comportamentos de vida da sociedade, induzindo esta a tomar decisões contrárias aos princípios morais. Prevaleceu ante da desenvoltura comercial a prática de princípios nada mais do que competitivos, estimulando a prática da discriminação social e desigualdade entre os grupos humanos, ao ponto de tangê-los a caminhos antissociais.

A sociedade moderna é hoje mais tendida à prática da desigualdade social, uns com muito, outros sem nada, o que sistematiza por imperiosa necessidade a convivência desigual, constituindo, enfim, uma sociedade marginalizada, formando-se agrupamentos de tais marginalizados em moradias faveladas, ao ponto de tornar-se uma população completamente marginalizada dos grandes centros, culminando em conflitos sociais.

A ideia que se tem hoje é que o capitalismo, que poderia ser uma fonte de produção e desenvolvimento social, tornou-se instrumento de desigualdade e discriminação entre as pessoas, levando-as à luta pela sobrevivência à custa da exploração de uns aos outros, o que, decerto, mais o distancia do relacionamento considerado humano.

O sociólogo Josué de Castro é taxativo em afirmar que no país uma parte de gente não dorme com fome e outra com medo dos que têm fome. E assim caminha a humanidade, envolta no mais cruel disparato.

Desestabilizaram-se os laços familiares, a família praticamente desestruturada, filhos não obedecem aos pais e estes não se sentem adequados ao meio em que vivem, justamente pela discriminação que é clara e evidente existir entre os seres humanos.

O mundo, da forma como está, não é aquele mundo que nos foi ensinado pelos velhos ensinamentos bíblicos, de irmandade e humanidade entre as criaturas, que todos são irmãos. Ao contrário, da forma como existem os fatos, este sim é o verdadeiro inferno, onde os demônios são aqueles que a cada momento praticam atos ilícitos, conduzindo todos à insegurança, desconfiança e desesperança no futuro.