Ser presidente é mais difícil do que ser candidato

 

Alguns políticos ao redor do mundo seguram-se em bandeiras que muitas vezes são ideias inexequíveis, mas arrasta um bom número de eleitores, garantindo assim a permanência de seus defensores nos cargos, principalmente no Legislativo. Vide o caso do Brexit no Reino Unido, Independência da Catalúnia na Espanha ou mesmo alguns casos aqui no Brasil.

O presidente eleito Jair Messias Bolsonaro tem algumas ideias que podem lhe trazer mais problemas que prazeres. Desde que foi consagrado vitorioso nas urnas no segundo turno das eleições, já encontrou algumas pedras no caminho, mesmo sem ter sequer assumido o poder de fato em Brasília.

Bolsonaro foi eleito em um tsunami que varreu nomes tradicionais e colocou no poder pessoas outrora completamente desconhecidas do grande público. Isso aconteceu por uma série de fatores, mas principalmente pelo empoderamento da população através das redes sociais e do desejo de mudança da classe política, diariamente mostrada na televisão como desonesta.

Até aqui, os dois nomes mais fortes de seu futuro governo enfrentam problemas na Justiça. Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” do capitão, é investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de fraude em fundos de pensão de estatais do governo e Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil, recebeu dinheiro da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ele até admitiu ter recebido uma vez, o problema é que documentos mostram que ele recebeu outras vezes.

Outro nome indicado por Bolsonaro que também está enrolada em investigações é Teresa Cristina, indicada para o Ministério da Agricultura. Segundo delação da JBS, quando ela era secretária estadual em Mato Grosso do Sul, concedeu incentivos fiscais em troca de propina para gente do governo estadual.

Bolsonaro também disse que ia mudar a sede da embaixada Brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jesuralém, seguindo os passos do americano Donald Trump, mas voltou atrás após reação de governos do mundo árabe, que ameaçaram não mais comprar produtos brasileiros. Outra ré que o presidente eleito precisou dar foi com relação à extinção do Ministério do Trabalho e a fusão entre Agricultura e Meio Ambiente.

As disputas internas pelo poder também têm levado problemas. Os generais, os deputados, o partido, os próprios filhos (um deles defendeu o fechamento do Supremo Tribunal Federal e que para isso bastaria “um soldado e um cabo”, por exemplo) e os problemas naturais de qualquer governo vão mostrando que os problemas estão apenas começando.

É melhor “Jair” se acostumando. Ter a responsabilidade de estar no comando é mais difícil do que falar nas redes sociais.