Sentença de morte de José Pretinho – Wilson Bezerra de Moura

Faz parte da história acontecimentos relacionados com o ser humano. Este, em todos os tempos, sempre se constituiu fator essencial justamente à natureza pela passagem que chama a atenção popular.

O registro dos fatos importantes porquanto fica consignado por toda vida na história de uma raça, dá característica de seu efetivo caminho na sociedade e em qualquer lugar ou tempo merece ser revisto o acontecido.

Na cidade de Natal, idos de 1834, no dia 23 de maio, se deu uma execução de pena de morte que não ficou explicita. A notícia se tratava de um procedimento justo aplicado para definir um crime cometido com requintes de maldade. Nada ficou esclarecido, tudo indicando que foi pego um cristo para cobaia.

Pela análise dos fatos narrados, o réu tratava-se como José Pretinho, um sujeito que não tinha identidade completa, não era sabido o lugar de nascimento, que condições de vida levava na comunidade, muito menos antecedentes. Por fim, e o pior que se pode constatar, a história não relata que tipo de crime foi cometido para ser condenado à morte, apenas que o réu era infrator do artigo 192, correspondendo ao artigo 294 da atualidade, naquele tempo de 1834, claro, de quando ocorreu a execução.

As evidências noticiadas pela “A Gazeta de Natal” traçava um perfil do José Pretinho, sua vivência na prisão, sentado no sujo lajedo, brincando de fazenda com ossinhos em pedaços, além do mais falando sozinho promovendo diálogos, coisas para quem não tem juízo perfeito.

E mais, para se entender que o José Pretinho tenha sido mais um desditoso dessa vida, marginalizado pela sociedade, dela servindo de instrumento para manter viva a chama da injustiça. É o caso de José Pretinho ser defendido apenas pela opinião popular, que o considerou um indivíduo inocente, mas a Justiça achou por bem condená-lo à pena máxima de execução, em razão de que? Fica na própria história uma pergunta para todos os séculos e séculos amém.

Foi concedido a José Pretinho o direito de ser um Cristo crucificado, mais um, acompanhado até o instante final pelo padre que deu-lhe as últimas bênçãos sagradas.