PRIMEIRAS BARRAGENS NO RIO MOSSORÓ – Willson Bezerra de Moura

Na região Nordeste o declive acentuado favorece a evasão das aguas que passam pelos rios, riachos e córregos, facilitando o aboque no oceano. Aliás, diga-se o velho dito popular, a água só corre para o mar. Bem dita sejas tu, oh sabedoria antiga.

Durante a época invernosa as águas desses rios alagam as margens em todo o percurso, promovendo, inclusive, destruição, não só na agricultura, como na pecuária, e quando termina a fase invernosa, passa a dominar a seca, tanto nas árvores quanto no próprio chão que, dominado pelo sol, nada produz.

Desde a nascente do rio Piranhas, lá para região de Pernambuco, observam-se muito reservatórios de água. Curema, Piranhas, no Ceará Orós e Castanhão, enquanto em nossa região contamos com a Lucrécia, Santo Antônio, Arapuá, os quais acolhiam e mantinham, pelo menos durante tempos, as águas das chuvas nas épocas invernosas.

Em Mossoró temos uma história a contar, como começou a ideia de armazenamento de agua. Segundo testemunho do Major Romão Filgueira, que viveu àquela época, inclusive como tesoureiro da Intendência de Mossoró, o comerciante bem-sucedido Cel. Miguel Faustino do Monte apoiou a ideia de ser colocado no leito do rio sacos de Areia para deter o percurso da água, o que levou o próprio tesoureiro Major Romão Filgueira a comprar 100 sacos e os encheu de areia para fazer as vezes de uma barragem sob o rio.

Normalmente as grandes invenções partem do princípio mais elementar, até conseguir vencer o projeto. A questão da água em nossa terra mereceu preferencialmente, entre outras pessoas, a do farmacêutico Jerônimo Rosado, que sempre dizia que se não pudesse construir o açude de Umari um filho seu o faria, até que enfim muitos outros chegaram a ser concluídos em nossa farpa.

Antes destes açudes, as barragens deram o pontapé inicial no represamento das águas na época de inverno. Várias barragens foram construídas no leito do rio, entre estas a Barragem de Genésio, a Barragem central, a barragem de baixo, lá na saída do Rio, a barragem de Passagem de Pedra, tudo com o fim especial de manter o represamento das aguar para não deixar, à época da seca, a região completamente vazia.

O que foi construído por força de um ideal e sonho em favor da causa comum jamais deve ser destruído para acalentar qualquer tipo de evolução.

Já ouve pensamento de destrui-las, mais que fique por aí esse ideal bestial.